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asa de papel com chá

Apago as estrelas, já tão amarrotadas pelo traço da ilusão e no caminho da solidão, visto um pijama céu de jasmim. A minha vida é um desenho diluído em chá. Bebes? 

30.6.05

01:16 - E assim silenciosamente

Marc Chagall. The Lovers.

Queria poder dançá-lo , queria bebê-lo e saboreá-lo. Queria poder adormecer nele, afagar o seu respirar em mim e sentir minha a sua pele.
Como era bom se viesse, se não dissesse nada, e assim silenciosamente, apenas deixasse o seu corpo correr ao encontro do meu. Se apenas deixasse a nossa nudez envergonhar-se. Como era bom se viesse, se não dissesse nada, e assim silenciosamente me roubasse de mim.

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27.6.05

12:54 - Queria poder rodopiar em ti, porque tu sabes que eu não sei dançar.


Becam Carole. La Dance du Cercle II
kghk

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25.6.05

11:44 - Isabel, a obra de arte

Disseram-me que era um sonho do tamanho do oceano, disseram-me que se chamava Isabel. Disseram-me que era azul... de um azul muito azul.
Disseram-me que era polémica, por ter só uns salpicos castanhos, bocadinhos de terra desaparecida. Disseram-me que era a distância e o amor, disseram-me tanta coisa que eu fiquei perdida sem saber o que era...

Um dia conheci-a. Tinha uns bons dois metros acho, mas eu nunca fui boa com medidas... poderia ter três metros. Não sei, era grande. Era de um imenso azul que me embalava os sonhos e de um profundo vazio que me adormecia as lágrimas. Transportava o cheiro do vento e tinha mãos de um desejo já esquecido. Conheci-a numa exposição de pintura, lá para os lados de Belas Artes. Percebi no instante que os seus cabelos me adocicavam os sentidos e o seu sorrir me percorria de ilusões. O pai, que a guardava em silêncio, baixava os olhos enternecido e eu, pela primeira vez, consegui gostar do nome Isabel.
kghdgks
Isabel. Avenida Rodrigues de Freitas, nº138. 4300-455 Porto. 14h-18h. 21h-23h.

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23.6.05

00:33 - Sentir-se enamorado



Raymond Peynet


Estado sentimental próprio dos seres humanos, de difícil descrição, muito variável e pessoal. De fácil tratamento e passageiro não costuma provocar graves consequências, podendo no entanto, em casos extremos, causar transtornos de foro psiquiátrico. Nestes seres humanos é aconselhável como forma de tratamento, o acompanhamento psicológico. Pode eventualmente ocorrer em animais e na maioria das vezes é diagnosticado como uma alergia primaveril, podendo também ser confundido com uma epidemia.

Comummente os seres humanos afectados sentem um calor avassalador apoderar-se do seu eu e com frequência olham para o chão na esperança de disfarçarem aquilo que nem eles sabem que sentem. Têm muito medo de ser descobertos porque tudo neles se torna transparente, porque assim despidos todos vêem reflectida na pele dos seus olhos, a paixão que despontou.
Quando desconfiam dos sintomas desse estado repentino de enamoramento, já a paixão se alojou em todos os seus poros, fazendo com que percam a razão. O coração, que por esta altura palpita desenfreadamente, tomou conta deles, e com frequência deixa-os atordoados. Alienados, querem sempre muito falar, mas nunca sabem bem o quê. Esquecem-se das palavras, perdem-se no raciocínio, engasgam-se e até coram, mesmo quando tal não é um hábito frequente. E depois, depois ficam felizes com um corpo todo que sorri só por sentir o outro perto, só por saber que esse outro corpo lhes disse olá, ou tocou ao de leve o seu. Dão dois beijinhos como quem recebe um ramo de flores e pedem a tremer desculpa por ter pisado desajeitadamente o pé do outro.

É de referir que se aceitam excepções, sendo este diagnóstico muito ecuménico.

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19.6.05

00:48 - A historia do íman tonto

O meu computador está repleto de vírus, o ecrã do meu telefone partiu e o candeeiro da minha mesa provocou um curto-circuito. Fiquei então às escuras a pensar naqueles que dizem que as más energias não existem... Pois eu proponho-lhes que se detenham no instante que rapidamente se aperceberão que a Agripina não passa de um íman tonto, desnorteado por más energias. Enfim, há dias assim... dias de íman tonto...
estg
hiuhfgj

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17.6.05

03:47 - Linha imaginária de translação em torno de uma maçã

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O João enamorou-se por uma maçã sardenta, meia ruiva. Quando a conheceu, sentiu-se corar de desejo e deteve-se no seu pensamento então confuso. Percebeu por fim que tinha encontrado a sua maçã de Junho e decidiu-se a percorrer a linha imaginária de translação em sua volta. Era um exercício de contemplação. Às vezes sentia-se cansado e sentava-se na sombra da macieira, maravilhado com a beleza da sua maçã. Ninguém percebia o porquê de comportamento tão estranho, alguns chamavam-lhe louco, outros tinham pena. No entanto, ele era persistente e só iria fugir quando levasse a sua maçã de Junho nos braços. Recusava-se impreterivelmente a apanhá-la. Tinha compreendido que todas as maçãs tinham um tempo próprio de amadurecimento e que mais importante que isso, tinham também o direito de decidir quando se queriam dar. Ele tinha muito medo de perder a sua maçã, ou de a magoar irreversivelmente se a colhesse antes do tempo, por isso aprendeu a gostar sem precisar de ter em si. Pode parecer mentira, mas ainda hoje passados muitos anos, eu continuo a acreditar que há um João em cada macieira deste mundo.

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15.6.05

02:08 - Agripina Roxo foi à feira do livro

Ilustração de André Letria

A Agripina Roxo, já é grande, ou supostamente deveria sê-lo, no entanto é com frequência que a encontramos a caminhar pelos muros do passeio, como fazia quando era pequenina. O pai ia sempre com ela, dava-lhe a mão e ajudava-a a passar também pela linha estreita que delimitava o cimo dos portões. Pé ante pé, lá ia ela com muito cuidado, não fosse o vento desequilibrá-la. Não sei se é por este constante retornar à infância, mas o facto é que a Agripina trouxe da feira do livro uma relíquia colorida destinada a crianças: Letras & Letrias de autoria de José Jorge Letria, com ilustrações de André Letria. Agripina ainda resistiu à tentação, mas rápido se apercebeu que aquele livro tinha sido feito para ela. Agripina encontrou finalmente a sua meia laranja.

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12.6.05

17:17 - Lambe-me as feridas, por favor

John Sumner. Picasso's Dog. 2002


Sou um cão sem cor. / Triste e sarnento, ninguém me quer perto, nem por perto. / Tenho mil doenças e carrego nos olhos o fardo da dor de ser triste. / Sofro de uma morte lenta que me deixa sem respirar e de uma solidão aguda que me gasta os pêlos e me cega a vista. / Já não ouço, já não como; engulo o que encontro enquanto fujo num desvario do que me rodeia. / Tropeço para o abismo, arrasto-me para a ínfima ausência de todas as coisas. / Queria não ter frio, queria que me lambessem as feridas...

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10.6.05

02:42 - Ele é mesmo encantador

Joan Miró.

Ela tinha nos pés uns sapatos cor-de-rosa. Andava de óculos porque os olhos estavam cansados dos dias passados e trazia o cabelo apanhado por causa daquelas repas que a incomodavam muito. Tinha frio. Ele também.
Ele era de um doce quase insuportável e de um atrevimento muito aceitável.
Tinha um rosto em forma de bico porque quando ria tudo nele acabava assim, em bico: os olhos rasgados muito cor de terra, a boca muito menina, o queixo a espreitar e os cabelos imensamente aéreos, que se moldavam às suas tão características expressões. As mãos eram muito suas, bem recortadas, eram mãos de agitado carinho. Não usava óculos, mas os seus sapatos tinham um buraco na sola.
Ele é mesmo encantador, pensou ela, enquanto sorria em silêncio, enquanto todas as vozes se perdiam na sua cabeça e o seu olhar se focava no chão na tentativa vã de disfarçar o que sentia nascer em si. Ele é mesmo encantador...

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7.6.05

00:12 - Serralves em festa

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An-Chi Cheng, "Salvador Dali", Painting Acrylic, 1997
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A Academia Contemporânea do Espectáculo convidou o público a revisitar "Le Dejeuner sur l'herbe, 2005" no Parque de Serralves. Dali, Marilyn Monroe, John Lennon, Fernando Pessoa e outros casais ícones do séc. xx passeavam-se nos jardins quando um menino, tal a euforia do encontro, disse num tom de voz muito alto - Pai! Olha ali o Capitão Gancho! - eu ri-me atenta nos bigodes, agora já não tão próprios do Dali, que despontavam alegremente da banheira.

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5.6.05

02:42 - Mãe, vem adormecer-me

Joe Sorren. In Her Silent Way.
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Sinto uma dor interminável. Não sei onde começa ou onde acaba. Não há espaço para chorar. Vivo a correr, a correr de mim para mim num ciclo vicioso de espera e fuga. Estou triste. Agacho-me, encolho-me na minha solidão. Dói-me o corpo todo, uma convulsão de sentidos quebra-me os membros. Como viver este mundo? Queria desaparecer para dentro da minha mãe. Queria ainda não existir. Mãe! Vem adormecer-me. Diz-me baixinho que gostas de mim.
fjkgj

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2.6.05

01:19 - Casamento como muitos

Raymond Peynet

Lembro-me com carinho das segundas ao sol e de todas as tardes que passámos juntos a namorar, dos passeios intermináveis que dávamos de mão dada.
Lembro-me do primeiro jantar em casa dos teus pais, aquele fatídico jantar em que a carne saiu disparada do meu prato em direcção ao cesto de pão, acabando por aterrar ao lado da travessa do arroz. Eu não sabia mesmo nada bem lidar com talheres...
Lembro-me do dia do nosso casamento, daquela gente toda que me deu dois beijos e que eu nunca mais vi... Lembro-me muito bem do salto do sapato que ficou preso entre os paralelos à porta da igreja. Quase que caía. Torci-me toda, que vergonha. Depois foste tu, toda a gente reparou no quanto choravas.
Lembro-me das noites passadas a escolher um nome para o nosso filho. Tu a teimar que ele ia ser menina, eu menino. Claro que não chegámos a consenso e acabámos mesmo por ter os gémeos.
Lembro-me da tua primeira constipação, eu aflitíssima a telefonar para tudo quanto era médico. Achava que ias morrer mas claro que rápido me percebi que era só tosse. Era sempre só tosse, tu é que eras um chato.
E daquela vez que ficaste à porta de casa, que eu não te deixei entrar? Quando me lembro da tua cara nessa noite, ai que vontade de me rir.
Lembro-me de tanta coisa, lembro-me de uma vida toda.
Mas claro que agora tu já não existes. Evaporaste e levaste contigo o cheiro das manhãs.
Os gémeos cresceram e eu entretenho-me a contar as calorias da minha dieta.
.....

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