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asa de papel com chá

Apago as estrelas, já tão amarrotadas pelo traço da ilusão e no caminho da solidão, visto um pijama céu de jasmim. A minha vida é um desenho diluído em chá. Bebes? 

30.5.06

23:03 - Ali. Não vês?! Estão a rodopiar junto ao candeeiro.

Franziskus Wendels.Chez les Schmitz. 2003


Acho que as borboletas estão a desaparecer. Dizem que são cegas, mas eu tenho medo. Abro a janela. Tenho cuidado, não vão elas atacar-me…

Lá ao fundo, passam duas senhoras. Têm a mesma bata, o mesmo tamanho, o mesmo corpo “mal ajeitado”. Uma fuma, a outra fala enquanto gesticula apressada uma história sobre bruxas. Tenho a certeza que é sobre bruxas, não consigo ouvir, mas tenho a certeza. Dizem que sou surda. Não sei, mas tenho medo.

O telefone toca. Por momentos, sim, por momentos, ocorreu-me que pudesses ser tu, mas não, não eras. E lá diz a lengalenga, longe vão os tempos… Os tempos em que os nossos corpos se encontravam às escondidas, os tempos em que os nossos suores se confundiam, os tempos em que era amor o que fazíamos. E lá diz a lengalenga, longe vão os tempos…

Passa um carro. Dois carros. Três carros. Um rapaz atravessa a rua calmamente, a rua a coxear. Sim, está a coxear. Não sei bem porquê, mas hoje toda a gente coxeia. Hoje toda a gente tem calor. Hoje toda a gente tem medo de borboletas. Hoje é terça-feira e eu não jogo às escondidas. Deixo-me antes jogar. E ups, empurro-me contra a parede, e ups, parto o vidro, e ups, caio. Hoje é terça-feira e eu não jogo às escondidas, deixo-me antes jogar.

Sabes, às vezes consigo ter saudades, saudades do calor, saudades das borboletas e até porque não, saudades das centopeias. Era um banho, com vista para o Douro se faz favor! E uma gaivota vadia, nos telhados da cidade velha, pode ser?! Sabes, às vezes até tenho saudades de ser velha e outras deixo-me rir à descarada, abro a janela do meu quarto e fico à espera, à espera, à espera…

Sabes, às vezes queria ser feia. Deixar-me ter asas e voar, como elas. Ali. Não vês?! Estão a rodopiar junto ao candeeiro. Ora olha! Vês, estão ali. E ser cega, surda, muda. E ser bicho. E poder ser a borboleta que te adormece o sono. Não fujas, duro um dia! Não fujas… E três rapazes, ainda novos, acotovelam-se uns aos outros. E do outro lado da rua atravessam mais dois. E passa um carro e mais um e mais outro. Hoje é terça-feira.

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22.5.06

22:28 - Arroz do Céu



"O arroz vinha do Céu, como a chuva, a neve, o sol e o raio.[...] O Céu do limpa-vias é a rua que os outros pisam." - José Rodrigues Miguéis
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15.5.06

00:23 - E poder ser o fogo e o sopro, o hálito volátil do teu corpo.

Classe Maternelle Paul Klee. Veronike.
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9.5.06

14:04 - Carta de um Adeus profundo

Mark Rothk. Couple Kissing.
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Era o teu sangue, o rio do meu corpo. Era a tua saliva, o mar maracujá do meu desejo.

Desculpa. A saudade dos teus olhos desvaneceu-se nos meus. O toque frio das tuas mãos sobre os meus seios, ou o cigarro quente das minhas veias, envernizadas a saliva, já não existe. O sexo deixou de pousar na minha boca, agora adormecida, gasta de te engolir, e os abraços pouco sôfregos, fugiram com os pés duros, carcomidos pela solidão sombria que te prende e te preenche o estômago. Já não gosto de ti.
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Já não gosto de ti. Já não gosto de ti. Já não gosto de ti.
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Nem do cheiro, nem do bafo quente que a tua boca liberta no meu pescoço sombrio, nem dos teus dedos giratórios, tresloucados, nem da tua dança, vazia. E a saudade desvaneceu-se, tudo o que ficou foi o nojo, o nojo de existir ainda, ainda acordada, o nojo...

E um sorriso espreita, espreita sempre por entre poros dilatados. E a vontade de beber o sol traz filhos ao mundo. E um sorriso espreita, espreita sempre por entre poros dilatados. E a vontade de beber o sol traz filhos ao mundo. E um sorriso espreita, espreita
sempre por entre poros dilatados…
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1.5.06

17:35 - Porque sou uma árvore

no way. Jonh Copeland. 2005
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Porque é teu, o cheiro das manhãs. Porque és límpido, transparente. Porque és como um rio, calmo, sereno, e como um rio abraças os seixos e as ardósias, e como um rio deixas-te beber, deixas-te ser. Porque o teu vento é o dos rouxinóis e a tua cor é a dos dias de sol. Porque és simplesmente como és, e porque há poucos a sê-lo. Porque e porque e porque, deixa-me dizer-te o quanto gosto de ti, o quanto preciso dessa tua luminosidade transparente, dessa tua energia sonhadora, plantadora de mundos imaginários. Porque e porque e porque, deixa-me dizer-te o quanto quero viver para sempre dentro de ti, nessa casinha pequenina onde as janelas são maiores do que as paredes, onde se respira a maciez do tempo e onde o amanhã tem sempre sabor a chocolate. Nessa casinha pequenina onde crescem macieiras, onde as ameixas têm cor de verão e os figos caem do céu. Nessa casinha pequenina, sem tecto e muito chão.

E voar, voar, voar. Porque antes de ti abraçava a solidão com carinho e o frio com paixão. Porque era o Inverno e agora sou a Primavera. Porque quero o calor do Verão e o fogo das tuas mãos. Porque sou uma árvore e não sei viver sem ti. Porque me chamo eu. eu. eu. eu.

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