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asa de papel com chá

Apago as estrelas, já tão amarrotadas pelo traço da ilusão e no caminho da solidão, visto um pijama céu de jasmim. A minha vida é um desenho diluído em chá. Bebes? 

31.7.06

02:47 - Hoje tenho a certeza dos fantasmas

Sunflowers. Mike Greenberg . 2006.
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Sabes, dói-me a barriga e a alma, e o corpo contorce-se. Eu sempre achei que a barriga estava muito perto da alma, mas era só uma suposição. Hoje tenho a certeza. Tenho a certeza de muitas coisas. Umas mais redondas, outras mais quadradas. Mas são todas certezas.
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– Olá fantasma! Vieste visitar-me?! Trouxeste as flores… Queres um cigarro?! Não. Eu sei o que estás a pensar, mas não. Queres comer? Tens fome? Se quiseres tenho leite, e podes misturar com tofina. Também tenho pão. Queres pão? E um chá? Sempre posso fazer um chá. Vou pôr as flores em água. Já venho.
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Por exemplo, eu sempre soube que os peixes tinham asas e que as pessoas respiravam por guelras. E também sempre soube que a lua tinha sardas e que a noite podia durar uma vida, o tempo de um cigarro. Eu sempre soube que virias… e lembro-me do cheiro das margaridas. Hoje tenho a certeza dos fantasmas...
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– Sabes, fantasma, sonhei contigo. Tinhas uma camisa aos quadrados e as calças eram pequenas, mas as mãos sabiam ao mesmo. Tinhas o barco pronto… Tens o barco pronto, fanstasma?! Podemos ir? Porque não me respondes fantasma? Porque vieste? Queres uma flor fantasma? Eu dou-te uma flor e tu vais embora... Pode ser?! Eu gostava...
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Por exemplo, eu sempre soube que as pessoas tinham asas e que os peixes respiravam por guelras. E também sempre soube que não iria… e lembro-me do cheiro das margaridas. Hoje tenho a certeza dos fantasmas...

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23.7.06

18:48 - Deixa-me com as asas, não digas mais nada...

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Jacek Gasiorowski. music from heaven. 2005.

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19.7.06

12:49 - Fogem os corpos, fantasmas enfeitados de gente.

velislava. be my garden. 2005
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Alto. Esguio. De olhos postos no chão. / Alta. Magra. De olhar parado. / Uma rua antiga, melancólica. / Dois corpos. Um encontro. / Um sorriso e um olhar. / Dois corpos. Um encontro. Por momentos uma cor.
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Ele - Tens saudades minhas?
Ela - Gostas de mim?
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O silêncio. O abraço. E as dores embutidas no sabor oblíquo daqueles braços, daquele corpo confuso. /
Por instantes uma casa, um retorno. Por instantes um abrigo, num qualquer respirar atormentado. - Ficas comigo? - E por instantes uma lágrima. Um beijo seco. Ainda seco. - Ficas comigo? / E tristes, as línguas cinzentas reconhecem-se. E tristes, as línguas cinzentas fazem amor. Um amor só delas, as línguas cinzentas.
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Ela - Gostas de mim?
Ele - E comprar uma bicicleta?! Vamos?
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Tocam-se os dedos. Sabem-se os dedos. O mesmo suor. A mesma alegria húmida de serem um só. Um só dedo.
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Ele – E sermos velhinhos? Pode ser?
Ela - E um jardim? Também pode?
Ele – Queres ser o meu jardim?
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E um sorriso. Uma dança confusa em bicos de pés. Uma frase atordoada por mil palavras em forma de mãos. / A fuga. / Fogem os corpos, fantasmas enfeitados de gente. / Fogem os corpos, fantasmas enfeitados de gente. / Fogem os corpos, fantasmas enfeitados de gente. E numa qualquer rua, dessas antigas, pintadas a melancolia, ainda há quem os encontre. Compram uma bicicleta...

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13.7.06

22:22 - Com saudades de um pouco mais de céu

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...........b. berenika

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10.7.06

02:59 - Se pudesse não me tinha perdido das papoilas

Poppy Symphony. Mia Friedrich. 2005.
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- Vou cair.
- Vá lá equilibra-te.
- Mas é difícil passar no portão.
- É igual. Pões um pé bem frente ao outro e concentras-te.
- E se está lá um cão?
- Não vês que não. Se estivesse, já estava a ladrar.
- Pai, e se eu cair?
- Não te preocupes. Eu dou-te a mão. Se te desequilibrares, apanho-te.

E eu sabia que tu cabias nos seus braços grandes. Sabia-te cor de tijolo no teu exercício de equilibrismo sobre o muro. Sabia-te de todas as cores, quando as tuas mãos assim pequeninas cabiam nas dele, quando o lenço com que te assoava o nariz era o mesmo com que tu barafustavas.

- Pai, não quero mais por favor.
- Funga! Vá, funga!
- Não, por favor.

E eu sabia-te azul do céu, quando andavas de bicicleta, quando orgulhosa, tinhas ao lado o teu pai, numa daquelas bicicletas muito velhas que tilintavam por cima dos paralelos e anunciavam a todos a sua chegada.

- Pai! Espera por mim.
- Pai, eu sou pequenina.
- Pai?! – Gritavas já zangada.
- Anda, anda! Deixa-te lá de coisas. – Respondia-te ele com pouca paciência, pelo que tu imploravas um ainda – Pai…

E também te sabia, quando não querias mais nada do que tinhas no prato. Quando a tua mãe, já desesperada, te olhava com ar terrorífico, e o teu pai, com ar de malandro, te roubava os pedacinhos de comida que restavam. Piscava-te o olho e era um segredo, só teu e dele, de mais ninguém.

- Pai, já te disse que gosto muito de ti?

E eu sabia-te, assim. E era assim que te reconhecia as cores e os sorrisos. Mas hoje perdi-te e tenho tantas saudades de ti como de papoilas. Tenho tantas saudades de casa, de tudo o que me liga ti e às tuas memórias de menina cor-de-muro.

- Pai, trouxe-te um parafuso.
Ele punha os óculos, juntava bem o parafuso às lentes, e dizia:
- óhóh este é dos bons.
E tudo em ti era cor e alegria porque tinhas encontrado, perdido no meio do nada, o melhor de todos os parafusos.
- Obrigado. Vou já guardá-lo na caixinha.
E a sua mão grande acariciava-te o rosto, e os seus doces olhos de sonhos perdidos embalavam os teus, e tu sabias. Sabias que tudo nele era agradecimento, que tudo nele era a ternura de um profundo amor .

Sabes pai, se pudesse ia procurar parafusos para te entregar. Se pudesse não me tinha perdido das papoilas.
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- Pai, já está a dar!
- É sobre quê?
- Não sei, mas parecem-me elefantes.
- Pai, gostas de mim, não gostas? Eu perdi-me das papoilas, mas tu gostas de mim.

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7.7.06

00:53 - Até sempre meu amor

Love Transcends. Christopher Lovely. 2006.
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– Meu amor, guardo-te ainda em mim, com a doce memória de quem te deseja em segredo. Queria-te mas não sei como, não sei onde. Preciso-te assim ausente, desaparecido de mim. Despido, nu e cru. Faz-me só amor. Até sempre.

– Faz-me só amor, peço-te. Percorre-me o corpo, adoça-mo. Quero ter-te em mim, sentir-te quente nos meus braços, sentir-te amargo. Percorre-me de ti, apossa-te de mim, do que me resta assim já morta. Toca-me com um dedo, germina-me. Fecha-me os olhos com saliva, prende-me a boca com mar, ata-me os braços de terra e enleia-te nas minhas pernas, transeuntes cansados. Cospe-me a alma, rasga-me o corpo, descobre-me os segredos e desata-me as lágrimas. Cobre-me de cor e diz-me baixinho: até sempre meu amor, até sempre. Olha-me a cantar, degola-me a sorrir. Gasta-me o corpo, mata-mo até ao fim.

– Meu amor, até sempre meu amor. Até sempre…

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3.7.06

01:07 - As pedras podem dar filhos à luz

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Venus de (with red tulips) and Venus de (with butterflies). Xenia Hausner.
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1.
Sou um
poema mal escrito. Sou talvez um não poema, gatafunho cheio de pretensões.

2.
Às vezes choro. No fundo, não faço mais do que um amor dorido com a tinta azul do meu poema. Um amor tão dorido que acabo azul, tal como ele, que acabo sem forma e sem contorno. T
alvez não seja um amor assim tão dorido. Talvez seja mais uma guerra, onde o vencedor se auto proclama vencedor depois de se engolir a si próprio. Onde o vencedor sou eu mesma, a própria que se rasga, que se violenta e se maltrata. Que se acaba num qualquer caixote de lixo, onde há sempre espaço para caroços de maçã, cera fria e embalagens de iogurte. Onde as flores foram mastigadas a saliva e os cadáveres de borboleta depurados.

3.
Quem disse que as pedras não choram? Não têm alma, nem respiram? Quem disse que as pedras não voam, não se contorcem de dor? Eu sei. Sei que as pedras têm menstruação e que podem dar filhos à luz. Sei tantas coisas sobre pedras…

4.
E não passo de um papel desabitado. Um papel mutilado, onde os agrafos sofrem de uma solidão estúpida e os alvéolos sufocam. E não me reciclem. Não me obriguem a regurgitar-me intacta, a vomitar-me em forma de poema, tão mal escrito, tão sem cor.

5.
Quem disse que as pedras choram? Quem disse que têm alma e se contorcem? Sou um fantasma ambulante, um passado convulso. Pinto-me de roxo e coloco base nos dentes. Não sou mulher, não sou papel, sou só um pouco mais de mim, ao fundo da rua… porque ao fundo da rua, há sempre um pouco mais de mim.

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