fresh water tank. absurd lodow waniliowych. 2006. .
O vento apanhou-me desprevenida. As saias levantaram-se e alguém sorriu. Pensei fugir do ruborizado que me acendia o rosto, mas tropecei. Desequilibrei-me mais um pouco e por fim recompus-me, sempre na mesma direcção, na de uma espera silenciosa.
O cigarro apagou-se, e o fumo converte-se agora em chuva. Simples aguaceiros, diziam eles no telejornal. O rubor empalidece, e as mãos tremem. Seguro o saco das minhas memórias com muita força, não vá ele cair-me com o tremor, ou então desaparecer-me nesses instantes de indecisão. Preciso dele. Preciso do seu peso para viver consoante a lei da gravidade. Se o solto torno-me um balão tonto, e parto, para de vermelho pintado, viajar por entre nuvens. E parto, e eu não posso, eu estou à espera. Do tempo que foge, ou do calor que não chega, eu estou à espera de mim. À espera de um ainda Agosto que se converte em nós na garganta ou em soluços no olhar. E ele soluça, soluça compulsivamente. E eu não posso, eu estou à espera. Do tempo que foge, ou do calor que não chega, eu estou à espera ainda de mim.