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asa de papel com chá

Apago as estrelas, já tão amarrotadas pelo traço da ilusão e no caminho da solidão, visto um pijama céu de jasmim. A minha vida é um desenho diluído em chá. Bebes? 

22.11.09

00:23 - Ainda sobre o frio

Maggie Taylor



A viagem é cada vez mais penosa. Tenho as veias entupidas de nevoeiro e no fim o arco-íris.

Almoço um pão, bebo um iogurte, tomo um
comprimido. Espero o abandono da dor e sorrio. Nos corredores é importante sorrir, acenar com a cabeça e se possível desejar um bom fim-de-semana. E eu já não sou uma menina, mas faço de conta.
.
Por dentro, uma vontade imensa de chorar, ou então fugir, quem sabe voar, para relembrar os tempos de menina. Os tempos em que voar com asas de papel era possível. Os tempos em que a chuva ainda não tinha ganho e eu não sabia tropeçar, ou então tropeçava só de amor. Agora escorrego, contorço-me com facilidade, desequilibro-me nesta vida já tão torta.

Nestes dias sinto-me a desaparecer, ou a desaparecer qualquer coisa dentro de mim. Não tenho força, os membros estalam e os barulhos estranhos do meu corpo chamam por mim. Ouço-os longe, ouço-os perto, ouço-os dentro de mim, num sussurro doloroso que me angustia a alma. Ouço-lhes as súplicas, as perdas, o amor, e um tilintar de sentimentos numa imensidão de nada, num vazio pérfido de ar frio e gelo.

Acho que é por isso que estou constipada. Pelo frio. E pelo frio doem-me as costas, a ponta dos dedos, o respirar e o sorrir. E tenho tantas saudades, e um vazio preenche-me cegamente as entranhas da alma. Percorre-me cegamente os caminhos, deturpa-me a memória e já não sei quem sou. Sinto-me um meandro. Qualquer coisa, em parte incerta.
E sim, o nevoeiro entupiu-me as veias.
E eu com vontade de chorar, e não poder. E já não sou uma menina. Nos corredores não engano ninguém.

Só às vezes. E às vezes não sei quem sou, não sei para onde vou. E às vezes não sei quem és ou onde estás. Mas podias ser em mim.

- Ajuda-me a sorrir…

E no fim sempre o arco-íris. Porque no fim, sempre o arco-íris.

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2.11.09

13:08 - Na morte, assusta-me o frio.

Roadkill. Mia friedrich. Untitled.


Desde que morri, sei muito pouco sobre mim. Não sei se me sinto ou se me toco, se tenho ainda corpo. Desde que morri, acordar é doloroso. O dia deixa-se adivinhar numa luz tosca, num frio visceral que toma conta de mim e me adormece os sentidos. Um frio que me embriaga de solidão e me acompanha aos tropeções pela aridez da solidão.

Agora sou sozinha. Durmo sozinha e acordo sozinha. Respiro, transpiro. Sou, sozinha o frio.
E o que mais sinto na morte é o frio. O que me assusta na morte é o frio. O que eu nunca lhe perdoarei é o frio.

Não sabia que na morte podia ter medo. Não sabia que podia sentir. Não sabia sequer que podia ter frio. E eu tenho frio, eu tenho muito frio. A vida torna-se medonha nesta minha morte. Nem sequer sei se consigo chorar. E vestir-me? Como se veste um corpo morto? Como se escolhem roupas que contam histórias que não podemos terminar? Como se atravessa rua? Para quê ou para quem? Como se sorri?, e já não tenho a quem pedir…

- Como se sorri? - grito.

- Como se sorri? Como se sorri? Como se sorri? - grito.
.
E o frio invade-me o corpo. E eu nunca lhe perdoarei o frio. Mesmo que de mim nasça outra, mesmo que o acordar deixe de ser doloroso, mesmo que o vento passe a ter nome e eu ganhe a sorte grande.
.
Nunca lhe perdoarei.
.
E eu nunca lhe perdoarei o frio que me assusta na morte. O vazio, o corpo desmembrado e a procura. Na morte, assustam-me as cores, a luz nos olhos, a palidez da pele. Na morte quero flores, quero cheiros, quero água, quero vida. Na morte não quero morrer, quero simplesmente morrer. E umas asas…



"Céu geralmente muito nublado. Períodos de chuva, temporariamente forte no Minho e Douro Litoral, passando gradualmente a regime de aguaceiros. Possibilidade de trovoadas na região Norte. Vento fraco a moderado (10 a 30 km/h) de sudoeste, tornando-se forte (35 a 55 km/h) com rajadas da ordem dos 80 km/h nas terras altas e rodando gradualmente para noroeste a partir da tarde. Neblina ou nevoeiro, dissipando-se durante a manhã."

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