tag:blogger.com,1999:blog-128998812024-03-07T21:28:47.512+00:00asa de papel com cháApago as estrelas,
já tão amarrotadas pelo traço da ilusão
e no caminho da solidão,
visto um pijama céu de jasmim.
A minha vida é um desenho diluído em chá.
Bebes?Agripina Roxohttp://www.blogger.com/profile/17846107793705765513noreply@blogger.comBlogger130125tag:blogger.com,1999:blog-12899881.post-1116614933078254032014-02-13T18:07:00.000+00:002014-02-13T18:07:11.640+00:00O tempo é um moinho.<div align="center">
<em><span style="font-family: Trebuchet MS;"></span></em><a href=""><span style="font-size: 78%;"><img border="0" src="http://www.atelier-rc.com/Atelier.RC/b-dayCalendar/12.18-paulKlee-RedBalloon.jpg" height="316" style="height: 215px; width: 266px;" width="300" /></span></a></div>
<span style="font-family: trebuchet ms;"></span><br />
<div align="center">
<span style="font-family: trebuchet ms;"><em><span style="color: #333333; font-size: 78%;">Paul Klee, Red Balloon, 1922</span> </em></span></div>
<span style="color: #333333;"><span style="font-family: trebuchet ms;"></span></span><br />
<span style="color: #333333;"><span style="font-family: trebuchet ms;">Sentada, absorta de uma realidade vã, perco a razão. Não quero mais nada. O brilho dos meus olhos esfumou-se no ar tépido desta cidade poluída de pesadelos. Não há sonho nem sentir. O espírito povoa-se de dor enquanto a desilusão se assola do meu eu. Caminho por paralelos soltos, tropeço na mais pequena formiga e desenho a muito custo um sorriso na minha cara triste. Só o esbocei. Estou cansada... o lápis pesa. Gostava de me diluir na chuva, penetrar a terra. Podia nascer em forma de flor, tão esférica que voasse como um balão até mais não e me levasse as penas para o amanhã longínquo. Não queria chorar, não queria cantar. Abria os braços como um pássaro a voar e atirava-me nua à terra. Estaria apenas a mergulhar, bem fundo, bem para dentro, tapar a minha cabeça, esconder-me de vergonhas. Dissecava depois o coração e com a força de um sopro abria um túnel até ao outro lado do mundo. Esquecer-me de quem sou.</span> </span>Agripina Roxohttp://www.blogger.com/profile/17846107793705765513noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-12899881.post-1131626985241499052014-02-13T18:06:00.000+00:002014-02-13T18:06:37.177+00:00Uma terça-feira qualquer<div align="center">
<a href="http://photos1.blogger.com/blogger/6262/1113/1600/miro12.jpg"><img alt="" border="0" src="http://photos1.blogger.com/blogger/6262/1113/320/miro12.jpg" height="290" style="cursor: hand; display: block; height: 306px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 253px;" width="225" /></a> <span style="color: black; font-family: trebuchet ms; font-size: xx-small;"><em>Joan Miró. Head of a Man. 1935</em></span></div>
<em><span style="font-family: Trebuchet MS; font-size: xx-small;"></span></em><br />
<em><span style="font-family: Trebuchet MS; font-size: xx-small;"></span></em><br />
<br />
<div align="center">
</div>
<br />
<div align="center">
<em><span style="font-family: Trebuchet MS; font-size: xx-small;"></span></em></div>
<br />
<div align="center">
<em><span style="font-family: Trebuchet MS; font-size: xx-small;"></span></em></div>
<br />
<div align="left">
<span style="color: #333333; font-family: trebuchet ms;">Pedi um café cheio, como faço sempre que sinto a cabeça fugir. As pálpebras dos olhos pesavam-me, o rosto era subitamente invadido pela palidez do tempo. O Miguel pediu uma chamuça, lembro-me bem, ele tinha saudades de uma chamuça. O empregado comentou qualquer coisa sobre um jogo de futebol e eu reparei na senhora que lia com afinco encostada à parede. Entra um homem, baixo, porco, feio, de olhar vazio e corpo doente. Parecia poder morrer a cada instante. Aproxima-se das mesas, aborda as pessoas murmurando palavras roucas que ninguém quer ouvir. O empregado dá ordens de expulsão. A senhora que lia com afinco interpela-o e com um sorriso oferece parte da sua torrada àquele homem porco, feio, de olhar vazio e corpo doente. Esse homem porco, feio, de olhar vazio e corpo doente vai finalmente embora. De cabeça baixa, leva numa mão a torrada e na outra, o telemóvel da senhora. </span><span style="color: white; font-family: Trebuchet MS;">.</span></div>
Agripina Roxohttp://www.blogger.com/profile/17846107793705765513noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-12899881.post-1135255963688033242014-02-13T18:04:00.000+00:002014-02-13T18:04:29.042+00:00Saudade de um calor que sabia a amoras doces<div align="center">
<a href="http://webed.vw.cc.va.us/vwbaile/Media/rthko_un.jpg"><img alt="" border="0" src="http://webed.vw.cc.va.us/vwbaile/Media/rthko_un.jpg" height="385" style="cursor: hand; display: block; height: 463px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 422px;" /></a><em><span style="font-size: 78%;">Mark Rothko. </span></em><br />
<div align="left">
<em><span style="color: white; font-size: 78%;">.</span></em></div>
<div align="left">
<em><span style="font-size: 78%;"></span></em></div>
<div align="left">
<span style="color: white; font-family: trebuchet ms;">.</span></div>
<div align="left">
<span style="font-size: 130%;"><span style="color: #333333; font-family: trebuchet ms;">Ela pensava nele, em como o seu sorriso a enchia de ternura, em como os seus braços grandes a adoravam, em como a sua pele precisava do seu cheiro. Pensava nele, em telefonar-lhe, em desejar-lhe um bom Natal. Pensava nele e continha-se e continha-se ainda mais e tornava-se a conter. </span></span><span style="color: #333333; font-family: trebuchet ms;"><span style="font-size: 130%;">Sentiu vontade de o tocar, vontade de lhe beijar os beijos lentos, de se vestir com o seu odor perfumado a sonho e pintar-se com o seu moreno. Vontade de ser dele, vontade de voltar a casa e sorrir. Dizer – <em>Cheguei meu amor</em> – aquecer-se à lareira e comer nozes – <em>Cheguei meu amor</em>. Mas não podia, não podia amá-lo. Mais não, nunca mais e continha-se e continha-se ainda mais e tornava-se a conter.<br />Pensou nele o dia todo até o encontrar num café qualquer, até lhe dizer com música no olhar – Estás aqui?! Pensei em ti, pensei em ligar-te. Estás bem? Estás sozinho?<br />Pensou nele o dia todo até o encontrar num café qualquer, até ele lhe balbuciar com a suavidade do vento que o metro lhe tinha cheirado a ela, que ela estava bonita, que ela era bonita. Até ele lhe dizer com a suavidade do vento que tinha pressa e lhe ter dado um abraço e um beijo e mais um.<br />Ela ficou-o a pensar ainda mais. Ficou com saudade. Saudade do calor que sabia a amoras </span><a href="http://www.maggietaylor.com/gallery/gallery3/images/gal3-07.jpg"></a><span style="font-size: 130%;">doces, saudade da alegria dos olhos grandes que lhe embalavam os gestos e lhe sussurravam segredos. Saudade de o amar e de lhe Ser com o corpo e o sangue. Saudade…<br />Ela quis então ligar-lhe, queria muito pedi-lo. Queria saborear, beber, sorver toda a paixão que teimou em não morrer, em não adoecer. Ela quis então ligar-lhe, mas conteve-se, e conteve-se ainda mais e tornou-se a conter. Ela queria a sua voz a percorrer-lhe o corpo, queria-o tão simplesmente, tão simplesmente como um barco ao vento. </span></span><br />
<span style="color: #333333; font-family: trebuchet ms; font-size: 130%;">Ela queria… ela sempre quis.</span></div>
</div>
Agripina Roxohttp://www.blogger.com/profile/17846107793705765513noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-12899881.post-57363317061954891842009-11-22T00:23:00.009+00:002009-11-22T13:27:09.150+00:00Ainda sobre o frio<a href="http://www.masters-of-fine-art-photography.com/02/artphotogallery/database/taylor02.jpg"></a> <div align="center"><img border="0" alt="" src="http://www.masters-of-fine-art-photography.com/02/artphotogallery/database/taylor02.jpg" /><a href="http://www.masters-of-fine-art-photography.com/02/artphotogallery/database/taylor02.jpg"></a><img border="0" alt="" src="http://www.masters-of-fine-art-photography.com/02/artphotogallery/database/taylor02.jpg" /> <a href="http://www.masters-of-fine-art-photography.com/02/artphotogallery/database/taylor02.jpg"><img border="0" alt="" src="http://www.masters-of-fine-art-photography.com/02/artphotogallery/database/taylor02.jpg" /></a></div><div align="center"><em><span style="color:#333333;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:trebuchet ms;">Maggie Taylor</span><br /></span></span></em><br /><br /></div><div align="left"><br /><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;"><span style="color:#333333;">A viagem é cada vez mais penosa. Tenho as veias entupidas de nevoeiro e no fim o arco-íris.<br /><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;"><br /></span>Almoço um pão, bebo um iogurte, tomo um</span> comprimido. Espero o abandono da dor e sorrio. Nos corredores é importante sorrir, acenar com a cabeça e se possível desejar um bom fim-de-semana. E eu já não sou uma menina, mas faço de conta.</span></div><div align="left"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#ffffff;">.</span></div><div align="left"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;">Por dentro, uma vontade imensa de chorar, ou então fugir, quem sabe voar, para relembrar os tempos de menina. Os tempos em que voar com asas de papel era possível. Os tempos em que a chuva ainda não tinha ganho e eu não sabia tropeçar, ou então tropeçava só de amor. Agora escorrego, contorço-me com facilidade, desequilibro-me nesta vida já tão torta.<br /><br />Nestes dias sinto-me a desaparecer, ou a desaparecer qualquer coisa dentro de mim. Não tenho força, os membros estalam e os barulhos estranhos do meu corpo chamam por mim. Ouço-os longe, ouço-os perto, ouço-os dentro de mim, num sussurro doloroso que me angustia a alma. Ouço-lhes as súplicas, as perdas, o amor, e um tilintar de sentimentos numa imensidão de nada, num vazio pérfido de ar frio e gelo.<br /><br />Acho que é por isso que estou constipada. Pelo frio. E pelo frio doem-me as costas, a ponta dos dedos, o respirar e o sorrir. E tenho tantas saudades, e um vazio preenche-me cegamente as entranhas da alma. Percorre-me cegamente os caminhos, deturpa-me a memória e já não sei quem sou. Sinto-me um meandro. Qualquer coisa, em parte incerta.</span></div><div align="left"></div><div align="left"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;">E sim, o nevoeiro entupiu-me as veias.<br /></div></span><div align="left"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;">E eu com vontade de chorar, e não poder. E já não sou uma menina. Nos corredores não engano ninguém. </span></div><div align="left"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;"><br /></div></span><div align="left"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;">Só às vezes. E às vezes não sei quem sou, não sei para onde vou. E às vezes não sei quem és ou onde estás. Mas podias ser em mim.<br /></div></span><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;"><p align="left"></span></p><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;">- Ajuda-me a sorrir…<br /><br /></span><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;"></span><p align="left"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;">E no fim sempre o arco-íris. Porque no fim, sempre o arco-íris. </p></span>Agripina Roxohttp://www.blogger.com/profile/17846107793705765513noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-12899881.post-12103809272050825502009-11-02T13:08:00.000+00:002009-11-02T10:59:54.580+00:00Na morte, assusta-me o frio.<p align="center"><a href="http://farm2.static.flickr.com/1129/1017833784_04e81971f4.jpg?v=0"><img style="WIDTH: 371px; HEIGHT: 265px; CURSOR: hand" border="0" alt="" src="http://farm2.static.flickr.com/1129/1017833784_04e81971f4.jpg?v=0" /></a><a href="http://farm2.static.flickr.com/1129/1017833784_04e81971f4.jpg?v=0"><img style="WIDTH: 371px; HEIGHT: 265px; CURSOR: hand" border="0" alt="" src="http://farm2.static.flickr.com/1129/1017833784_04e81971f4.jpg?v=0" /></a><a href="http://farm2.static.flickr.com/1129/1017833784_04e81971f4.jpg?v=0"><img style="WIDTH: 371px; HEIGHT: 265px; CURSOR: hand" border="0" alt="" src="http://farm2.static.flickr.com/1129/1017833784_04e81971f4.jpg?v=0" /></a></p><p align="center"><a href="http://farm2.static.flickr.com/1129/1017833784_04e81971f4.jpg?v=0"></a></p><p align="center"><a href="http://farm2.static.flickr.com/1129/1017833784_04e81971f4.jpg?v=0"></a></p><div align="justify"><em><span style="font-size:85%;color:#333333;"></span></em></div><p align="center"><span style="font-family:trebuchet ms;"><em><span style="font-size:85%;">Roadkill. Mia friedrich. Untitled.</span></em> </span></p><p></p><p><br /><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;"></span></p><p><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;">Desde que morri, sei muito pouco sobre mim. Não sei se me sinto ou se me toco, se tenho ainda corpo. Desde que morri, acordar é doloroso. O dia deixa-se adivinhar numa luz tosca, num frio visceral que toma conta de mim e me adormece os sentidos. Um frio que me embriaga de solidão e me acompanha aos tropeções pela aridez da solidão. </span></p><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;">Agora sou sozinha. Durmo sozinha e acordo sozinha. Respiro, transpiro. Sou, sozinha o frio.<br />E o que mais sinto na morte é o frio. O que me assusta na morte é o frio. O que eu nunca lhe perdoarei é o frio. </span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;">Não sabia que na morte podia ter medo. Não sabia que podia sentir. Não sabia sequer que podia ter frio. E eu tenho frio, eu tenho muito frio. A vida torna-se medonha nesta minha morte. Nem sequer sei se consigo chorar. E vestir-me? Como se veste um corpo morto? Como se escolhem roupas que contam histórias que não podemos terminar? Como se atravessa rua? Para quê ou para quem? Como se sorri?, e já não tenho a quem pedir…</span></div><div align="justify"><br /><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;">- Como se sorri? - grito.</span></div><div align="justify"><br /><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;">- Como se sorri? Como se sorri? Como se sorri? - grito.</span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#ffffff;">.</span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;">E o frio invade-me o corpo. E eu nunca lhe perdoarei o frio. Mesmo que de mim nasça outra, mesmo que o acordar deixe de ser doloroso, mesmo que o vento passe a ter nome e eu ganhe a sorte grande. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#ffffff;">.</span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;">Nunca lhe perdoarei. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#ffffff;">.</span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;">E eu nunca lhe perdoarei o frio que me assusta na morte. O vazio, o corpo desmembrado e a procura. Na morte, assustam-me as cores, a luz nos olhos, a palidez da pele. Na morte quero flores, quero cheiros, quero água, quero vida. Na morte não quero morrer, quero simplesmente morrer. E umas asas… </span></div><br /><br /><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;"></span></div><div align="justify"><br /><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;">"Céu geralmente muito nublado. Períodos de chuva, temporariamente forte no Minho e Douro Litoral, passando gradualmente a regime de aguaceiros. Possibilidade de trovoadas na região Norte. Vento fraco a moderado (10 a 30 km/h) de sudoeste, tornando-se forte (35 a 55 km/h) com rajadas da ordem dos 80 km/h nas terras altas e rodando gradualmente para noroeste a partir da tarde. Neblina ou nevoeiro, dissipando-se durante a manhã."</span></div>Agripina Roxohttp://www.blogger.com/profile/17846107793705765513noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-12899881.post-36552445318920358202009-10-27T02:45:00.012+00:002009-10-27T02:54:02.480+00:00Dissertação confusa sobre a procura e o encontro.<div align="center"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 1226px; DISPLAY: block; HEIGHT: 412px; CURSOR: hand" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXIoKKOglkCzNMEadBrQreFqTShNESyCkgHyb2a1H-aqRrlvjQdTYRm4ZqyRJJ-_OzZ73kxEan694hF4w54-IQvF1tqBw9cfUjjt2eiNtEWNH1K83R39WxQ0flsWu4_7bAWJwlqg/s1600/nostalgia.jpg" /> <span style="font-family:trebuchet ms;font-size:85%;color:#333333;"><em>Gabriel Pacheco. La nostalgia.</em></span></div><em><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:85%;"></span></em><p><br /><br /><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;">Tenho a estranha sensação que a procura pode nunca trazer nada de bom. Porque na melhor das hipóteses a procura traz o encontro. Mas o encontro é muito raro. </span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;"><br />Mas o que fazer quando o coração palpita e se têm suores frios e perdemos o apetite?<br />Analisar friamente a situação, diriam alguns.<br />Sim! Gostas dele ou queres gostar dele, ou ainda, precisas de gostar dele?<br /><br />Mas se se sente uma aproximação visceral… (uma aproximação visceral é bonito). Se se sente que a pessoa pensa em nós, que existe em nós, que tem uma força medonha e nos invade os sonhos… </span><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;"><br />Mas não, claro que não, deve ser doença. </span><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;">Mas… mas eu já não me sabia a sentir cumplicidade </span><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;">de palavras…<br />Ora aqui está, cumplicidade de palavras. Outra expressão bonita.<br />Dever-se-ia fazer, ou escrever um poema sobre aproximação visceral e cumplicidade de palavras. Fazer será escrever? Ou escrever será fazer? Criar assenta melhor. Criar assenta sempre melhor.<br /><br />Mas, dizia eu, e se tudo for uma ilusão?, e o Conde Ferreira ali tão perto… E se for só mais um dia?, a vaguear pela cidade, a ter suores frios, palpitações? E no fundo, bem lá no fundo, a acreditar no impossível…<br />Mas quem faz o possível? Não somos nós?<br />Acredito que algumas possibilidades deverão advir de impossibilidades. Até porque o impossível só existe por causa do possível, ou o possível do impossível. E todos sabemos que os opostos se tocam, e que do tudo vem o nada, e vice-versa, e por ái adiante... Que estupidez esta, não interessa para nada.<br />Mas enfim…<br /><br />Eu sei, estou muito perdida, é que os suores frios dão para me perder. Fixo objectivamente uma cabeça, a ideia construída de um homem, e depois, escorrego. Claro, perco-me no raciocínio, deixo de ter fio condutor e ponho-me a vaguear. Pensando bem, será até melhor vaguear pela cidade ao invés de vaguear pelos suores frios. E sempre faço algum exercício.<br />(Onde se lê ideia construída, leia-se ideia sentida. É mais honesto.)<br />Mas eu sei qual é a ideia, sim, claro que sei. A ideia é não procurar. E essa é daquelas coisas irritantes, que nos disseram vezes sem conta, e que nós repetimos a outros desgraçados vezes sem conta. Que maldade esta, repetir verdades absolutas. Sim, porque deve ser uma verdade absoluta, toda a gente já a ouviu, toda a gente já a disse, e aplica-se a tudo na nossa vida: estabilidade, emprego, casa, amor. Provavelmente até ao animal doméstico.<br /><br />Mas aí confundem-se os termos, de procura e de espera. Vivi anos á espera de ter um gato, e agora, agora riam-se, tenho alergia a gatos.<br />Mas sim, esperar pode por vezes ser procurar, se bem que as palavras são distintas e numa subentende-se acção e noutra não. E esperar também não é nada bom. Coitadas das pessoas que passam a vida à espera.<br />Por acaso eu até joguei no euro milhões e espero ganhar. Mas só tenho de esperar até sexta. Tenho mais sorte, não acham?!<br /><br />Pois bem, a ideia é então não procurar. Quando nós procuramos eliminamos a hipótese de sermos vistos, porque como estamos sempre à procura, sempre a olhar, sempre a olhar, sempre a olhar, vemos quase toda a gente que temos para ver. O que faz com que limitemos as possibilidades de sermos vistos. Eu explico: se não procurarmos, podemos sempre chegar a casa com aquela ideia de que alguém nos viu. Com aquela esperança tosca de que alguém reparou em nós, quando contemplávamos o céu às 15.20 da tarde, ou sorriamos para o vazio às 16.10. E como o encontro é raro, mais vale acreditarmos que se não vimos o outro, o outro nos viu a nós. Mais vale acreditar que aquelas cenas de filme, em que o tempo para, porque os olhares se cruzam, podem existir na vida real, mesmo que na realidade, os olhares não se cruzem. Podemos sempre acreditar que alguém sentiu o nosso oh, quando reparamos no passarinho coxo do outro lado da rua.<br /><br />Tinha que dizer coxo, percebem, eu já cresci! Não podia ser assim tão romântica. E a verdade é eu até estou a dar o braço torcer. Eu até estou a dizer que estou a apaixonada, que tenho suores frios e palpitações quentes. Ai não, não, nada disso, eu quentes não disse.<br /></span><br /><br /><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;">E o que eu não disse ainda foi que as verdades absolutas, são talvez as mais absolutas mentiras. A ideia, será mesmo sobreviver aos absolutismos da vida e ser feliz.</span><br /><br /><br /><br /><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;">E ás vezes é tão bom ser encontrada. Gosto mais de achada.</span><br /><br /><br /><br /><br /><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;">Repito: E às vezes, é tão bom ser achada.</span> </p>Agripina Roxohttp://www.blogger.com/profile/17846107793705765513noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-12899881.post-23518032122832112862009-07-05T16:16:00.015+01:002009-07-05T16:32:49.969+01:00Os corvos<img style="WIDTH: 510px; CURSOR: hand; HEIGHT: 450px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguRyofd8lA_V1dTM5v6kvpE5PeBw1jfFKXQPhowuuy0SJtQAhyphenhyphensGgwDiqcfTcoERgIZnD-12GnYGzJPkPWs4Zs7a1Y8EvSuMbfDOJ5n1hMkr4-gmNqJ1JgJ4zCcPgsMeeZ__2ZYA/s1600/JoeSorren2.bmp" border="0" /> <span style="color:#ffffff;">...</span> <img style="WIDTH: 347px; CURSOR: hand; HEIGHT: 301px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguRyofd8lA_V1dTM5v6kvpE5PeBw1jfFKXQPhowuuy0SJtQAhyphenhyphensGgwDiqcfTcoERgIZnD-12GnYGzJPkPWs4Zs7a1Y8EvSuMbfDOJ5n1hMkr4-gmNqJ1JgJ4zCcPgsMeeZ__2ZYA/s1600/JoeSorren2.bmp" border="0" /><br /><div><br /><p align="left"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguRyofd8lA_V1dTM5v6kvpE5PeBw1jfFKXQPhowuuy0SJtQAhyphenhyphensGgwDiqcfTcoERgIZnD-12GnYGzJPkPWs4Zs7a1Y8EvSuMbfDOJ5n1hMkr4-gmNqJ1JgJ4zCcPgsMeeZ__2ZYA/s1600/JoeSorren2.bmp"></a></p><div align="center"><span style="font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:78%;"><em>nicoletta ceccoli. crows.</em> </span></span><br /></div><div><br /></div><div align="center"><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;">I<br />Estranho esta forma de solidão. Não sei reconhecer-me nela, ou em mim. Talvez seja também eu solidão, e uma solidão nunca se reconhece noutra solidão. Mas eu não estou só, tenho dentro de mim um outro ser, alguém que chora e ri, alguém que eu reconheço e desconheço, alguém que me acompanha nas insónias e nas memórias.<br /><br /><br />II<br />Dentro de mim vive um bicho estranho. Um bicho que sangra. Um bicho que geme. Um bicho com fome de bicho. Fome de ser e sentir.<br />Um bicho que eu tento calar, que eu tento matar. Um bicho que eu amo profundamente.<br />E profundamente meu, ele grita…<br /><br /><br />III<br />Dói-me a barriga.<br /><br /><br />IV<br />Os corvos vivem em bandos com estrutura hierárquica bem definida e formam, geralmente, casais monogâmicos. A sua alimentação é omnívora e inclui pequenos invertebrados, sementes e frutos. São aves que apresentam um comportamento complexo e que exibem sinais de inteligência, planeamento e comunicação entre indivíduos. Na mitologia, os corvos são vistos geralmente como portadores de maus presságios, devido à sua plumagem negra e hábitos necrófagos. Dentro da simbologia alquímica, o corvo manteve sempre uma certa representação alegórica da solidão.<br /><br /><br />V<br />Onde estou e onde sou?<br /><br /><br />VI<br />Dentro de mim vive um bicho estranho. Um bicho com fome de bicho. Um bicho com fome de cor. </span></div><br /><div align="justify"></div></div></div>Agripina Roxohttp://www.blogger.com/profile/17846107793705765513noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-12899881.post-18424346223082389892009-06-30T03:17:00.002+01:002009-07-05T16:21:23.410+01:00Uma bailarina sem pés, uma ave sem asas.<div align="center"><span style="font-family:trebuchet ms;"><em><img style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 800px; CURSOR: hand; HEIGHT: 533px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://www.altphotos.com/images/altphotos/437fe20ba-9095-4492-9c26-7be19ab9fa93.jpg" border="0" /></em></span><span style="font-size:85%;"><span style="color:#333333;"><span style="font-family:trebuchet ms;"><em> Gilad Benari.Street Survivors.2007</em></span> </span></span></div><br /><br /><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"><span style="color:#333333;">I<br />Cubro-te de beijos. Percorro-te. Desenfreadamente. A maciez da pele, o respirar tosco, o olhar sibilante. Sou das tuas mãos. Do teu amor. Aconchego-te a roupa, enrosco-me no teu calor. Sou um gato, uma bailarina doida. Uma bailarina sem pés, uma ave sem asas. Sou do teu amor. Deixo-me estar. E um rio… um silêncio… uma forma de música invade-me o corpo. Sou o sol. E tu a luz.<br /><br /><br />II<br />Pinto-te as cores. Peço-te os minutos, as asas e os pés. Mio. Quero ser um gato. Enroscar-me no teu calor, pertencer ao teu carinho. Peço-te os minutos, as asas e os pés. Sou uma bailarina, numa dança tosca, onde percorro a maciez da tua pele, onde me perco no teu olhar. E sonho o sol. Os dias de sol ao quadrado.<br /></span></div></span>Agripina Roxohttp://www.blogger.com/profile/17846107793705765513noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-12899881.post-79650661751208157572009-06-13T02:22:00.005+01:002009-07-05T16:22:16.942+01:00Chá de primavera rosa magenta<div align="center"><span style="color:#333333;"><img style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 430px; CURSOR: hand; HEIGHT: 538px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://ny-image2.etsy.com/il_430xN.73774414.jpg" border="0" /><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:85%;"><em> Hadley Hutton. With in.</em></span></span><a href="http://ny-image3.etsy.com/il_430xN.74660587.jpg"></a><span style="font-family:trebuchet ms;"></span><span style="color:#333333;"><span style="font-size:85%;"><br /><br /></span><br /></span><div align="left"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;">Tenho uma imensa curiosidade em conhecer a sua história de vida.<br />- Quando morreste?<br />Gostava de lhe perguntar, quando morreu.<br />Mas é incrível como mantém os dentes brancos. E reparei que hoje mudou de calças.<br />Nunca me abordou. Eu gostava. Gostava de olhar para os olhos dele, gostava de ver o que os olhos vêm. Talvez perceba, se morreu. Talvez perceba, se há uma história, se há uma vida. Talvez consiga saber o exacto momento da morte dele.<br />Às vezes penso que há qualquer coisa que me falha. É certo que se arrasta, mas tem os dentes brancos, e é delicado, ou pelo menos parece, quando o vejo da minha janela.<br />É, da minha janela, eu consigo distinguir muito bem a idade dos mortos. Depende da hora a que passam, do número de vezes, se mancam, ou se só se arrastam. Depende da forma como inclinam o corpo quando pedem, da distância que mantêm das pessoas que abordam, da forma como se assoam, como se coçam, como fingem chorar. Depois, a roupa, o cabelo e por fim, o olhar. Mas o olhar é muito difícil de reconhecer da minha janela. O olhar é mesmo muito difícil.<br />Mas também, que interessa?! Um morto não tem olhos. Mas talvez, talvez eles não estejam mortos. Talvez eles sejam só fantasmas. E eu, tenho medo de fantasmas. Tenho medo de fantasmas e tropeço com uma grande facilidade.<br />Claro que agora posso falar de passarinhos. Eu sempre gostei de falar de passarinhos, e de </span><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;">flores ao pequeno almoço, e de cores, e de poesia para embalar os sonhos.<br />- Hoje provei um chá delicioso. Chá de primavera rosa magenta, com um pouco de açúcar</span><span style="font-family:trebuchet ms;"><span style="color:#333333;">.</span> </span></div></div>Agripina Roxohttp://www.blogger.com/profile/17846107793705765513noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-12899881.post-10913434609400306552009-06-01T18:11:00.002+01:002009-06-01T18:12:44.185+01:00Queres vir comigo?<div align="center"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5342407335246770802" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 494px; CURSOR: hand; HEIGHT: 347px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoiDfh4g8eRYg2kXvxBIf6u6kBwIPflNEG3ivmE4VtzNKkiavTZo3t7jGU6LG24p_92B4swUGQtVnJ-oKA-v53Lh0518vNNqU9zGZqh8EXiRl4yToY-yhAQipfKXhuMcxlhxvMfw/s400/pipocas4.jpg" border="0" /> <em><span style="font-size:78%;"><span style="font-family:trebuchet ms;">Luísa Catita. Pipocas doces e com sal. 2008</span><br /></span></em><br /><br /><p></p><br /><br /><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Calor. Talvez um verão ou quase verão. Barulho. Um quase artesanato. Doces tradicionais, uma espécie de feira, uma espécie de festa. </span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Talvez luzes, talvez pipocas. Conversas ou quase conversas.<br /><br />- Gostas deste?<br /><br />- Como está?<br /><br />- Anda daí!<br /><br />- Está quieto!<br /><br />- António!<br /><br />- Três peças, cinco euros!<br /><br />- E mais uma volta!<br /><br />- Um lugar vazio! Ainda um lugar vazio! Quem arrisca?<br /><br />- Sai daí Fernando!<br /><br />- Não mexas!<br /><br />- Sai sempre prémio! Sai sempre prémio!<br /><br /></div></span><span style="font-family:trebuchet ms;"><br /><div align="justify">E o cão que ladra, e o calor. O cheiro das pipocas, o algodão doce. A maçã do amor.<br />Os bolos tradicionais da dona Laurinda, e as luzes a apagar, a acender e a piscar, a apagar, a acender e a piscar, a apagar, a acender, e a piscar… E as luzes confusas na minha cabeça.<br /><br />A mulher. Saltos altos, calças justas. Cabelo preto e um carrinho de bebé.<br />- Oh amore! Olha a branca more. A branca é que é, não é?<br />O homem, de costas voltado, encolhe os ombros e anda.<br />- Oh amore, já viste a branca? Tão linda...</div><br /><div align="justify">O homem não ouve, não para. A mulher desiste. Segura no carrinho do bebé, continua.</div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">Outro homem. Sozinho. Uma mesa branca. Gente parada. Óculos de sol.<br />- Ela deixou-me aquela filha da ... Pode experimentar. Fiquei muito mal. Mas já estou curado. Leve! Pode levar! Filha da … Deixou-me. Mas já estou curado! Foi uma filha da … Esses são a 10 euros. Fez-me muito mal. Mas já me curei. Pode levar! Pode levar tudo!<br />E as pessoas continuavam. E as pessoas paradas continuavam. Mexiam nos óculos, coçavam a cabeça, olhavam à volta. Levavam, experimentavam, mas não ouviam.<br />- Filha da … já me curei! Ouvistes?!, já me currrreeeeeiiiii…<br /></div><br /><div align="justify"><br />“Não nos responsabilizamos por danos e perdas. Agradece-se que retirem objectos valiosos do bolso. Não usem cachecóis. Não se aconselha a menores de 10 anos, não se aconselha a alcoolizados, não se aconselha a pessoas com problemas psíquicos, não se aconselha a pessoas com problemas cardíacos, não se aconselha.”<br /><br /><br />A cabeça a girar, as pipocas a girar, as luzes a girar, e a banda a tocar. A banda filarmónica, no coreto, no carreto, não sei onde, em que parte da minha memória.<br /><br />- Olha! A banda vai passar! Corre!<br />E eu corria, corria o mais que podia pelo corredor que não tinha fim, pela varanda, de corrimão preto. Um pé em cima da grade e a minha cabecita pendurada. Os bombos e os pratos. As trompetas e os trompetes. Era dia de festa, ou dia de ensaio. Sempre domingo de manhã, sempre antes do almoço. E a banda tocava, e eu espreitava por cima do corrimão. E os segundos sorriam-me os dias de calor.<br /><br />- Mãe, a banda não parou. A banda foi muito rápida.<br />E os segundos entristeciam-se no corrimão preto da minha varanda.<br /><br /><br />Mas ontem era dia de festa, e havia rifas. Toda a gente sabe o que querem dizer rifas, e calor, e luzes e pipocas a girar.<br /><span style="color:#ffffff;">.</span></div><br /><div align="justify">- bchbchbch bchbch<br />- Olha ele está a vir.<br />- Sim, deve ter dono.<br />- É macio.<br />E mais uma mão, uma mão pequenina, tomou conta do gato.<br />- Gatinho, queres vir comigo?<br />E o pai virou costas, encolheu os ombros, e andou.<br />- Queres vir comigo?<br />A mãe não viu, a avó sorriu, deu três passos e parou.<br />O pai bufou. A mãe impacientou-se. A avó mancou.<br />- Anda dai! Deixa lá o bicho.<br /><br />E nós parados. E nós confusos. E nós perdidos, entre o aqui e o que foi.<br />O gato, o menino, as luzes a piscar, as pipocas a girar.<br />E a cabeça confusa.<br /><br />- Queres vir comigo?</span></div></div>Agripina Roxohttp://www.blogger.com/profile/17846107793705765513noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-12899881.post-40767889256778052552008-02-05T22:08:00.000+00:002008-02-05T22:22:17.003+00:00Nascem-me palavras perto da boca, rodopiam passarinhos tontos...<div align="center"><img style="WIDTH: 435px; CURSOR: hand; HEIGHT: 438px" height="438" alt="" src="http://www.altphotos.com/images/altphotos/475b1cfdc-f278-4980-a0e2-1184bb89096e.jpg" border="0" /><span style="color:#ffffff;">..</span><img style="WIDTH: 435px; CURSOR: hand" height="438" alt="" src="http://www.altphotos.com/images/altphotos/475b1cfdc-f278-4980-a0e2-1184bb89096e.jpg" border="0" /> </div><div align="left"><em><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:78%;color:#333333;"><span style="color:#ffffff;">.</span>b.berenika</span></em></div>Agripina Roxohttp://www.blogger.com/profile/17846107793705765513noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-12899881.post-47664633183657249892008-01-29T19:35:00.000+00:002008-01-29T19:50:52.646+00:00Uma história<div align="justify"><img style="WIDTH: 428px; CURSOR: hand; HEIGHT: 426px" height="426" alt="" src="http://www.altphotos.com/images/altphotos/437361391-ddd8-4365-a8c6-173227cec506.jpg" border="0" /> <span style="color:#ffffff;">.....</span><img style="WIDTH: 428px; CURSOR: hand" height="426" alt="" src="http://www.altphotos.com/images/altphotos/4a60f598f-3545-4eb3-a8f3-57c85515d1c2.jpg" border="0" /><br /><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:78%;color:#333333;"><em>Labokoff. eblouie 2. bruyere.</em></span><br /><br /><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"><br /><span style="color:#333333;"><span style="font-family:trebuchet ms;">O senhor A. tem 84 anos. Fala pouco, cora com facilidade. Extremamente lúcido, ainda trabalha. Vive sozinho e é completamente independente. Trata da casa e assume todas as suas responsabilidades. Apesar de não ouvir muito bem, gosta de ir ao cinema. E tirando a sua alergia ao kiwi, não há nada de estranho que se lhe possa apontar. Vive sozinho há dez anos. A Dona Joaquina faz-lhe o almoço e vai limpando o pó. Aprendeu a mudar a cama e leva a roupa à lavandaria uma vez por semana.<br />Conheço-o desde pequenina, mas não me lembro da voz dele. Aliás nem me lembro de ele ser simpático. Nunca me deu chocolates, e à medida que fui crescendo habituei-me a vê-lo como alguém frio e distante. Era o senhor A. Hoje esse senhor não sabe, mas eu tenho por ele uma profunda admiração. Aprendeu aos 74 anos o que muita gente aos 20 não é capaz. E apesar de nunca o ver chorar, nem sorrir em demasia, já o ouço falar. E de vez em quando tenho o prazer de me enternecer com as suas histórias de menino.<br /><br />- Quais foram os três momentos mais importantes da sua vida, pai?<br />- Ó…<br />- Diga lá.<br />- Sei lá, foram tantos.<br />- Mas diga!<br />- Ó…<br />- Posso adivinhar?<br />- Podes.<br />- Ore deixe cá ver... Quando casou, quando nasceu o primeiro filho e,<br />- Não!, quando nasceram todos.<br />- Está bem, mas o primeiro filho é sempre mais importante.<br />- Pode ser.<br />- E o último, quando inaugurou o edifício M.<br />- Ainda te lembras disso?<br />- Lembro.<br />- Foi realmente um dia muito importante, pensei que não te lembrasses, eras tão pequeno.<br />- Claro que sim, foi o primeiro edifico que o pai construiu.<br />- Pois foi.<br /><br /><br />- Sabes, desses todos que disseste falta o mais importante.<br />- Qual foi pai?<br />- O dia em que conheci a tua mãe. Foram 49 anos de casamento muito felizes. O teu avô não me queria deixar casar. Tive de esperar até ela fazer 18 anos para poder namorar, e quando fez 21 fui eu que bati o pé. Disse que já era maior de idade, que não a podia proibir.<br />- Se tivesse de fugir com a mãe, tinha tido coragem?<br />- Claro que sim.<br />- Isso é que foi namorar…<br />- A tua avó não nos deixava sair de frente de casa. Ia para a janela e depois ficava sempre muito preocupada quando não ouvia barulho.<br />- Mas valeu a pena?<br />- Se valeu, só tenho momentos felizes para me lembrar. A tua mãe foi uma grande companheira.<br /></span></span></div><p><span style="color:#333333;"><span style="font-family:trebuchet ms;"></span></span></p><p><span style="color:#333333;"><span style="font-family:trebuchet ms;"><br />- Sabes, desses todos que disseste falta o mais importante. - Qual foi pai? - O dia em que conheci a tua mãe.</span> </span></p>Agripina Roxohttp://www.blogger.com/profile/17846107793705765513noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-12899881.post-41744430998199758692008-01-19T21:36:00.000+00:002008-12-08T22:03:15.449+00:00Sempre soube que eras azul<div style="text-align: left;" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWF2h3gTkYDjrhk31x5PPndLwpvS7nhXQc8Zm1LTujHRgNg0mqajWSna1nzfsvK-4hbDtvWkE6y1n8y5PJdVIrBSdkuFfdEJKSg9R0uQkWicCVkWrz_hoAoUqtOxj8TKF9DYkq1w/s1600/gabrielpachecohvacui.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: left; cursor: pointer; width: 875px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWF2h3gTkYDjrhk31x5PPndLwpvS7nhXQc8Zm1LTujHRgNg0mqajWSna1nzfsvK-4hbDtvWkE6y1n8y5PJdVIrBSdkuFfdEJKSg9R0uQkWicCVkWrz_hoAoUqtOxj8TKF9DYkq1w/s1600/gabrielpachecohvacui.jpg" alt="" border="0" /></div><span style="font-style: italic;font-family:trebuchet ms;font-size:78%;" ><span style="color: rgb(255, 255, 255);">. </span>Gabriel Pacheco</span>Agripina Roxohttp://www.blogger.com/profile/17846107793705765513noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-12899881.post-66730992535706745972008-01-14T22:52:00.000+00:002008-12-08T22:03:15.455+00:00Teve um medo terrível que casasse, que fosse para sempre…<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgN1NWHZuEkG2mWOVaNDEptONIMxDe8hwaAumdjrcGJG4Kw_xVvna8RbxDEbcfmnLm9Lh-37h2yMjKUzq-qHMVz3JYzOl2DhS8LijECnLU65Y771yk2GLsShsiNwU6EINU4ICtz4g/s1600/gabrielpachecolorca.jpg"></a><div><img style="WIDTH: 576px; CURSOR: hand; HEIGHT: 357px" height="588" alt="" src="http://fotos.sapo.pt/caparota/pic/000g2a3g/s500x500" border="0" /><span style="color:#ffffff;">.....</span><img style="WIDTH: 278px; CURSOR: hand; HEIGHT: 197px" height="588" alt="" src="http://fotos.sapo.pt/caparota/pic/000g2a3g/s500x500" border="0" /></div><div><span style="color:#333333;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgN1NWHZuEkG2mWOVaNDEptONIMxDe8hwaAumdjrcGJG4Kw_xVvna8RbxDEbcfmnLm9Lh-37h2yMjKUzq-qHMVz3JYzOl2DhS8LijECnLU65Y771yk2GLsShsiNwU6EINU4ICtz4g/s1600/gabrielpachecolorca.jpg"></a><div></div><div><span style="color:#333333;"><em><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:78%;">Gabriel Pacheco</span></em><br /><br /><br /></span><br /></div><p align="center"><a href="http://fotos.sapo.pt/caparota/pic/000g2a3g/s500x500"></a></p><div><br /></div><div align="justify"><br /><span style="color:#333333;"><span style="font-family:trebuchet ms;">Sentir o peito nas suas costas, fazer dele a sua concha. Permitir que as saudades se tornem vida, caber dentro de si. </span></span><span style="color:#333333;"><span style="font-family:trebuchet ms;">Ninguém lhe abraça as costas, ninguém sabe como precisa desse abraço. “ e és tão bonito, meu menino de asas doces ”<br /><br /><br />Sabe-o casa, sabe-o calor, sabe-o sorriso. Respira-lhe a linguagem, percebe-lhe os suspiros e tem uma infinita saudade sua. Sabe que só ele lhe fecha os olhos nas palavras. Que só ele lhe segura a mão e que num enlace doce a leva para perto, para dentro de si.<br /><br /><br />“ vivo contigo em mim… e ás vezes, não sei viver…<br />como vai ser quando os olhos se abrirem e o momento ser a chuva? ”<br /><br /><br />E todos os dias a tropeçar no vazio, a acordar sobre o infinito dos sabores já perdidos, a trocar os olhos sozinha, nas passadeiras esquecidas.<br /><br />Os passarinhos entendem-na. Sabem das saudades, sabem do homem que perdeu, das alegrias que a sua pele trazia, do calor que o seu olhar escondia. Sabem do homem que perdeu, das mãos pousadas no seu ventre, do abraço tão sem braços. E é a si que ele se dava nesse abraço. É a sua verdade que lhe desenha ainda as memórias, doces, tão doces e tão meigas as saudades de ser. Saudades de tofina no leite, de murmúrios nos ouvidos, de sonhos à janela.<br /><br /><br />“ quem disse que foi um sonho? Quem falou em fantasmas, em demónios?<br />obrigada… por me seres, revisitares e me sonhares. ”<br /><br /><br />Está aflita. Não sabe o que fazer a tanto amor, a tanta falta de ar e dores de barriga. Está triste, ao mesmo tempo triste. Triste de uma tristeza cheia, perdida… E não sabe. Não sabe como não lhe pertencer… é um prolongamento do seu ser, uma filha do seu amor.</span></span></div><div><br /></div><div align="justify"><span style="color:#333333;"><span style="font-family:trebuchet ms;">No mais profundo do seu pesar, ser-lhe-á com a vida, esteja onde estiver amá-lo-á.<br /><br /><br />“ conheces-me tão bem que assusta… ” sabe-o casa, sabe-o calor, sabe-o sorriso… “ e ás vezes, não sei viver… ” Respira-lhe a linguagem, percebe-lhe os suspiros e tem uma infinita saudade sua. “ como vai ser quando os olhos se abrirem e o momento ser a chuva? ”<br /><br /><br />Teve um medo terrível que casasse, que fosse para sempre…</span> </span></div><div><br /></div><div align="justify"></div><br /></div></span>Agripina Roxohttp://www.blogger.com/profile/17846107793705765513noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-12899881.post-51648211096545177772008-01-08T23:32:00.000+00:002008-01-09T00:06:18.719+00:00Assim ao mesmo tempo triste, triste de uma tristeza cheia, perdida...<img style="WIDTH: 427px; CURSOR: hand" height="447" alt="" src="http://www.thescreamonline.com/art/art4-1/sorren/images/devil.jpg" border="0" /><span style="color:#ffffff;"> ...</span><img style="WIDTH: 427px; CURSOR: hand" height="447" alt="" src="http://www.thescreamonline.com/art/art4-1/sorren/images/devil.jpg" border="0" /><br /><span style="color:#ffffff;">.<br /></span><img style="WIDTH: 427px; CURSOR: hand" height="447" alt="" src="http://www.thescreamonline.com/art/art4-1/sorren/images/devil.jpg" border="0" /><span style="color:#ffffff;"> ...</span><img style="WIDTH: 427px; CURSOR: hand" height="447" alt="" src="http://www.thescreamonline.com/art/art4-1/sorren/images/devil.jpg" border="0" /><br /><span style="color:#ffffff;"></span><br /><span style="color:#ffffff;">.</span><span style="font-size:78%;"><em>Joe Sorren. Portrait of the Devil and His Fingers. </em></span>Agripina Roxohttp://www.blogger.com/profile/17846107793705765513noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-12899881.post-1179814836325632662007-12-31T21:21:00.000+00:002008-01-01T14:27:05.422+00:00Hoje sonhei contigo e um carro boiava no rio. Depois há o medo e os passarinhos.<div align="justify"><img style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 422px; CURSOR: hand; HEIGHT: 528px" height="506" alt="" src="http://www.projekt30.com/images/04-01-05/jennifer_davis/jennifer_davis_1_1024.jpg" border="0" /><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;">Hoje sonhei contigo. Sorrias, mas no pensamento vagueiam ainda fantasmas, uns doces, outros menos doces. Se soubesse o que querer, se soubesse o que poder dar, talvez não me sentisse tão perdida nesta infinidade de ilusões sombrias.<br /><br />É verdade que as ilusões nem sempre têm luz e também é verdade que nem sempre a luz conduz à claridade. O silêncio nem sempre traz fantasmas e viver às vezes custa. Apanhar as pedras do caminho e atirá-las ao rio, tentar que batam na água três vezes... Nunca consegui. O meu pai sim, seixos lisos e leves, dizia ele, e lá ia a pedrita a saltar por cima da água como num passe de mágica, até que por fim desaparecia no reflexo da luz.<br /><br />Eu nunca fui muito hábil, sou mais dada a tropeções e a quedas. O desequilíbrio faz parte da minha natureza, dá-me vários pontos de vista, ou pontos de fuga. Quando caio vejo sempre o céu mais azul, e quando me levanto vejo sempre as pedras bastante mais pequenas. O verde entranha-se, e a terra ganha o sabor do mar.<br /><br />Não me apetece começar o ano, não gosto de passas, e do bolo-rei só como a massa. O meu pai diz que ainda não aprendi a comer bolo-rei, e fica muito triste com os meus desperdícios. Com o tempo aprendi a fechar os olhos a uma ou outra fruta seca, mas o truque é mesmo partir as fatias bem finas. A minha mãe não se mete nessas questões, pede-me apenas que seja comedida. A gulodice não faz bem a ninguém, e o chocolate em demasia faz dores de barriga. O problema da minha mãe é mesmo o facto de eu roer as unhas. Fica muito triste e diz-me que eu não tenho força de vontade. Na realidade eu não tenho é vontade, e sem vontade a força perde-se.<br /><br />Estou a ficar cegueta. Tenho medo dos meu sonhos, vejo-os sempre muito ao longe. É como quando espero pelo autocarro, as senhoras pequeninas e corcundas são as primeiras a ver o número. Elas não sabem, mas para mim é como um jogo, ganha sempre quem vê primeiro. Só que eu nunca vejo primeiro, e por isso perco sempre.<br />Já telefonei à minha mãe, a queixar-me. Disse-lhe que estava cegueta, que era a última a ver os números. Expliquei-lhe que fazia batotice, que só conseguia focar a imagem através da voz das senhoras pequeninas e corcundas. A minha mãe com toda a sua paciência de mãe, disse-me que era da poluição, e desde então melhorei bastante, mas para minha infelicidade continuo cegueta.<br /><br />A minha mãe sabe muitas coisas, às vezes não usa é as palavras certas. Como é possível acertar quando se erra nas palavras? Talvez seja a linguagem do olhar, ou a do respirar; um código distinto entre mães e filhas, o código da voz, o dos pequenos sinais somados. Deveria haver um teorema para provar esta soma. “Ao chegar a Siracusa, Pitágoras disse a seus netos: o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos.”<br /><br />Hoje sonhei contigo. E um carro boiava no rio. As imagens confundem-se… E depois há o medo, os passarinhos, e as cores de um novo ano. Feliz 2008! </span></div><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;color:#333333;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;"><span style="font-size:78%;"><em><br /><br />Imagem de Jennifer Davis. Migration. 2007</em></span></div></span>Agripina Roxohttp://www.blogger.com/profile/17846107793705765513noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-12899881.post-66673773285265012402007-03-16T01:59:00.000+00:002007-03-16T12:37:17.311+00:00Eu não. Eu só me estou a rir.<div align="center"><img style="WIDTH: 437px; CURSOR: hand" height="427" alt="" src="http://www.altphotos.com/images/altphotos/489d219f9-fcd5-4c40-925e-dcbc2bb29ae3.jpg" border="0" /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:trebuchet ms;"><img style="WIDTH: 437px; CURSOR: hand; HEIGHT: 427px" height="427" alt="" src="http://www.altphotos.com/images/altphotos/4a5b6311c-94b3-4791-bd7a-f66514969025.jpg" border="0" /> </span><br /></span><div align="center"><span style="font-family:trebuchet ms;"></span></div></div><div align="left"><span style="font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:78%;"><em><span style="color:#ffffff;">.</span>Helen Breznik. Lollipop & Candy. 2007.</em><br /></span></span><br /><br /><br /><p></p><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#000000;">Hoje poderia dizer-te que o meu mundo é azul e que e as tuas mãos pousaram nas minhas como o vento quando me segreda sorrisos.<br />O vento segreda-me sorrisos.<br /><br />- É teu este pé?<br />- (um sorriso)<br />- Só podia ser teu este pé.<br />- (um sorriso)<br />- Estás a sujar-me.<br />- (outro sorriso)<br /><br />Hoje poderia dizer-te que as noites sabem a mar. Que as noites sabem a sal. Sabem a um chá de especiarias de onde nascem borboletas.<br /><br /><br />Uma travagem brusca.<br />Pisca para a direita.<br />Quatro piscas.<br /><br />- Está tudo bem? Ele está bem? Não foi de propósito. Não queria magoar ninguém.<br />- Não se preocupe. Ele está bem. A culpa é dele. É um tolo. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#000000;">- Eu não tenho assim muito jeito. Foi tudo muito rápido. Só tive tempo de travar.<br />- És um tolo tu. (tolo!) Não se preocupe. (um sorriso) A culpa foi dele. Desculpe.<br />- Eu é que peço desculpa. Não queria magoá-lo.<br /><br /><br />Hoje o senhor Zé acordou bem disposto. Deu-me os bons dias e sorriu. A florista falou mal do primeiro-ministro, e o sol afagou-me os ossos doídos. Hoje poderia dizer-te que as flores têm outro sabor, poderia dizer-te que o mel deixou de ser doce e que o senhor Zé acordou bem disposto.<br /><br /><br />- Já reparaste, o autor é jornalista. Diz aqui.<br />- Já. Já tinha lido. Foi por isso que te dei.<br />- É sobre a história de um espião.<br />- Sim, na altura da segunda guerra mundial.<br />- Este vou ter de levar lá para cima.<br />- Pois... É melhor. Quando é que vais?<br />- Na terça.<br />- Ainda bem. Segunda é dia do pai.<br />- Não gastes dinheiro.<br />- Não. Vou só comprar uns chocolates.<br />- Não é preciso. Não vês que até lhe faz mal.<br />- Não faz nada mal. E ele gosta. Além do mais, assim posso comer eu também.<br />- Pois, vocês os dois, têm muito que se lhe diga.<br />- Ó mãe, estás com ciúmes?<br />- Deixa-te lá de coisas.<br />- És muito bonita. (um sorriso) E estás a corar.<br />- Bem, bem, bem.<br />- És mesmo muito, muito bonita. (outro sorriso)<br />- Deixa-me ir que deixei a sopa a aquecer.<br /><br /><br />Enquanto procuro palavras e travessões, lembro-me de te rir. Lembro-me dos teus braços levantados presos ao ferro do autocarro. Lembro-me dos teus olhos presos a mim, muito castanhos, muito avelã. E lembro-me de te rir. Disse adeus e corei, e eu não coro, muito menos digo adeus. Mas disse e corei. E tu riste-te, ou sorriste ou troçaste. Não sei bem… E lembro-me dos teus braços levantados presos ao ferro do autocarro. Eu não sei o nome do ferro do autocarro, mas sei que as tuas mãos estavam lá, sei que a tua camisa era castanha, e que o teu sorriso era assim de muitas cores, porque tu sorriste e eu corei.<br /><br />- Mas ele reconheceu-te?<br />- Sim. Ele estava dentro do autocarro e eu passei. Ele sorriu e eu sorri. Depois ri-me. E depois disse mesmo adeus.<br />- E ele disse-te também?<br />- Disse. Eu não sei… não sei o que me deu. E depois ri-me.<br />- (risos)<br />- Não me gozes.<br />- Eu não. Eu só me estou a rir.<br /><br />Eu nunca te quis saber, nunca te quis; nem dizer que eras bonito. Mas hoje corei. E hoje poderia dizer-te que as noites sabem a mar, que o sol me afagou os ossos doídos e que as tuas mãos pousaram nas minhas como o vento quando me segreda sorrisos.<br />O vento segreda-me sorrisos.<br /><span style="color:#ffffff;">.</span></div></span><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#000000;">- Eu não. Eu só me estou a rir. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;color:#ffffff;">.</span></div></div>Agripina Roxohttp://www.blogger.com/profile/17846107793705765513noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-12899881.post-78864839742737256142007-03-06T21:00:00.000+00:002007-03-06T21:16:08.353+00:00Serás para sempre do meu avesso, mesmo que um dia não me queiras mais.<div align="center"><img style="WIDTH: 430px; CURSOR: hand; HEIGHT: 430px" height="430" alt="" src="http://www.altphotos.com/images/altphotos/42229a86f-9375-44f6-97f8-64992ed16dda.jpg" border="0" /><span style="color:#ffffff;">....</span><img style="WIDTH: 430px; CURSOR: hand; HEIGHT: 430px" height="430" alt="" src="http://www.altphotos.com/images/altphotos/42229a86f-9375-44f6-97f8-64992ed16dda.jpg" border="0" /><br /><div align="center"></div></div><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:78%;"><em>Thank U... Veronica Petrova. 2007</em></span>Agripina Roxohttp://www.blogger.com/profile/17846107793705765513noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-12899881.post-13132629271083009992007-02-22T13:27:00.000+00:002007-02-22T13:25:58.165+00:00Queria voar, partilhar as penas que Deus me deu com o pássaro quieto.<a href="http://www.altphotos.com/images/altphotos/492d21d4d-5813-42c0-8648-a13e26b41b53.jpg"></a><div align="center"><img style="WIDTH: 425px; CURSOR: hand" height="425" alt="" src="http://www.altphotos.com/images/altphotos/4204e5c5e-38f7-49e6-9e03-0ecaf9809e7f.jpg" border="0" /><span style="color:#ffffff;">....<img style="WIDTH: 425px; CURSOR: hand" height="425" alt="" src="http://www.altphotos.com/images/altphotos/4e80f6f4c-be06-41cf-927b-b97a77841ead.jpg" border="0" /></span></div><div align="center"><span style="color:#ffffff;">.</span></div><div align="center"><span style="color:#ffffff;"><img style="WIDTH: 425px; CURSOR: hand" height="425" alt="" src="http://www.altphotos.com/images/altphotos/48471424a-cd12-4040-aa9c-59953493e89e.jpg" border="0" />....<img style="WIDTH: 425px; CURSOR: hand" height="425" alt="" src="http://www.altphotos.com/images/altphotos/4adae099c-3de6-4bc5-bd42-c2917e6b2f1e.jpg" border="0" /></span></div><div align="left"><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:78%;color:#000000;"><em><span style="color:#ffffff;">..</span>B. Berenika.</em></span></div>Agripina Roxohttp://www.blogger.com/profile/17846107793705765513noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-12899881.post-34069054831714263632007-02-19T01:31:00.000+00:002007-02-19T01:41:21.710+00:00Não és só da minha pele, és também dos meus ossos.<div align="center"><span style="color:#ffffff;"><img style="WIDTH: 430px; CURSOR: hand" height="430" alt="" src="http://www.altphotos.com/images/altphotos/407f63bc0-ba6b-4eca-b437-29581ac47a32.jpg" border="0" />...<img style="WIDTH: 430px; CURSOR: hand" height="430" alt="" src="http://www.altphotos.com/images/altphotos/46e8fcafb-02cc-4d86-9b7d-231f060a90b2.jpg" border="0" /></span></div><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:78%;"><span style="color:#ffffff;">..</span><span style="color:#000000;"><em>B. Berenika.</em></span></span>Agripina Roxohttp://www.blogger.com/profile/17846107793705765513noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-12899881.post-54249614033834703562007-02-13T13:38:00.000+00:002007-02-13T13:53:45.437+00:00Carta Azul<div align="center"><img style="WIDTH: 430px; CURSOR: hand; HEIGHT: 430px" height="1" alt="" src="http://www.altphotos.com/images/altphotos/4f1c8e2d5-0a4f-41d3-9a1c-566e3ea98472.jpg" border="0" /><span style="color:#ffffff;">...</span><img style="WIDTH: 430px; CURSOR: hand; HEIGHT: 430px" height="1" alt="" src="http://www.altphotos.com/images/altphotos/4f1c8e2d5-0a4f-41d3-9a1c-566e3ea98472.jpg" border="0" /></div><div align="right"><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:78%;color:#333333;"><em>B.Berenika<span style="color:#ffffff;">..</span></em></span></div><p align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;"></span></p><p align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;"></span></p><p align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#ffffff;">.</span></p><p align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#000000;">Permaneço grávida de ti.<br /><br /><br />Quando te disse que não eras só da minha pele, (não és só da minha pele és também dos meus ossos),<br /><br />quando te disse que não eras só da minha pele, choraram-se-me os olhos e partiram-se-me os ossos. Deve ser por isso que não ando. Que não saio daqui, desta gravidez tão azul e verde.<br /><br /><br /><br /><br />Sei que a tua vida corre para um mar que eu não toco. Sei que não existe perdão. Sei que és dos meus ossos, e que eu bordo palavras e teço histórias sobre mãos. Sei que és das tempestades e que desapareceste com a chuva no nevoeiro doce de um tempo já esquecido. E sei-te em mim, ainda hoje, ainda sempre, ainda azul.<br /><br /><br /><br />Espero que toques sete vezes na campainha. Me peças em casamento, me roubes da torre e me tomes na noite de núpcias. Desejo-te um filho. Um filho do nosso amor, com as tuas asas, os teus olhos grandes, e o teu coração ainda assustado com o mundo. E o teu coração…<br /><br /><br /><br />Permaneço grávida de ti. Sou-te no infinito do meu corpo.<br /><br /><br /><br />Está a chover. Acho que morri e sou um fantasma. Acho que me enganei e fui eu quem desapareceu.<br /><br /><br />Tenho um guarda-chuva. Procuro-me em mim. Ainda existo. Ainda apanho lágrimas com as mãos. Ainda lhes conheço o sabor. Ainda sei de cor os teus caminhos. Os teus cabelos doces de marinheiro azul. E o sal percorre-te o corpo ao sol e eu sei-te vivo em mim como seiva doce que me percorre e alimenta.<br /><br /><br />Perdoa-me, porque um dia darei à luz.<br /><br /><br />Perdoa-me, porque sou um círculo inacabado, um pedaço de papel no infinito dos teus medos.<br /><br /><br />Procura-me em ti.</span></p>Agripina Roxohttp://www.blogger.com/profile/17846107793705765513noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-12899881.post-59470489087625065302007-02-11T01:23:00.000+00:002007-02-11T01:34:13.316+00:00E a vontade de beber o sol traz filhos ao mundo.<img style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 900px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" height="533" alt="" src="http://www.altphotos.com/images/altphotos/41f0153eb-1d1a-44d0-81c8-2cfe4d0157ff.jpg" border="0" /> <span style="font-family:trebuchet ms;font-size:78%;"><em>Jacek mad. . 2007</em></span><br /><span style="color:#ffffff;">.</span>Agripina Roxohttp://www.blogger.com/profile/17846107793705765513noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-12899881.post-87525507442545818762007-02-08T01:30:00.000+00:002007-02-08T01:50:34.146+00:00Vamos juntos para um mundo onde possamos caber<div align="left"><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:78%;"><em><img style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 900px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" height="533" alt="" src="http://www.altphotos.com/images/altphotos/4c61f0f6a-9ea8-4c93-a324-d800c7afbda5.jpg" border="0" /> </em></span></div><div align="left"><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:78%;"><em><span style="color:#ffffff;">.</span><br /><img style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 900px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" height="533" alt="" src="http://www.altphotos.com/images/altphotos/41fad80bd-9ee7-41dd-9cca-127544a38834.jpg" border="0" /><span style="color:#ffffff;">.</span>Lukasz Lis. seen in the window. 2007.</em></span></div>Agripina Roxohttp://www.blogger.com/profile/17846107793705765513noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-12899881.post-76985520211615024232007-02-02T19:34:00.000+00:002007-02-02T20:39:11.431+00:00Queria ser uma asa demorada<span style="color:#ffffff;"><br /></span><div align="center"><img style="WIDTH: 430px; CURSOR: hand; HEIGHT: 495px" height="647" alt="" src="http://www.altphotos.com/images/altphotos/4a85486a4-3f19-4468-aa8d-fed1491bcb1d.jpg" border="0" /><img style="WIDTH: 430px; CURSOR: hand; HEIGHT: 495px" height="647" alt="" src="http://www.altphotos.com/images/altphotos/4a85486a4-3f19-4468-aa8d-fed1491bcb1d.jpg" border="0" /> </div><p align="center"></p><p align="center"></p><p align="left"></p><p align="left"><span style="font-family:georgia;font-size:78%;color:#333333;"><em><span style="color:#ffffff;">...</span>uwe krahn. 2007.</em></span></p><p align="center"><em><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:78%;color:#ffffff;">.</span></em></p><p><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;"></span></p><p align="right"><span style="font-family:georgia;"><span style="font-size:130%;color:#000000;">prolongar-me no teu beijo circunflexo </span></span></p><p align="left"><span style="font-size:130%;"></span></p><p align="left"></p><p align="center"><span style="font-family:georgia;"><span style="font-size:130%;color:#ffffff;">-</span></span><span style="font-family:georgia;"><span style="font-size:130%;color:#000000;">no teu voo sempre ausente </span></span><span style="font-family:georgia;"><span style="font-size:130%;color:#ffffff;">.</span></span><span style="font-family:georgia;"><span style="font-size:130%;color:#ffffff;">.</span></span></p><p align="center"></p><p align="center"></p><p align="left"><span style="font-family:georgia;"><span style="font-size:130%;color:#000000;">de pássaro em queda. </span></span></p><p align="left"><span style="color:#ffffff;"><strong><span style="font-size:130%;">.</span></strong>.</span></p>Agripina Roxohttp://www.blogger.com/profile/17846107793705765513noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-12899881.post-1169844932576277252007-01-27T19:53:00.000+00:002007-01-27T20:08:01.053+00:00Os peixes sabem dançar e as palavras ensinam música<div align="center"><a href="http://www.altphotos.com/images/altphotos/48c04180e-28c1-4c55-b667-96f692b85d14.jpg"><img style="WIDTH: 400px; CURSOR: hand" alt="" src="http://www.altphotos.com/images/altphotos/48c04180e-28c1-4c55-b667-96f692b85d14.jpg" border="0" /></a><span style="color:#ffffff;">........</span><a href="http://www.altphotos.com/images/altphotos/48c04180e-28c1-4c55-b667-96f692b85d14.jpg"><img style="WIDTH: 400px; CURSOR: hand" alt="" src="http://www.altphotos.com/images/altphotos/48c04180e-28c1-4c55-b667-96f692b85d14.jpg" border="0" /></a> <p></p><p align="right"><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:78%;color:#666666;"><em><strong><span style="color:#ffffff;">.</span>b.berenika. my room. 2006.<span style="color:#ffffff;">.......</span></strong></em></span></p><p align="center"><em><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:78%;color:#ffffff;"><strong>.</strong></span></em></p><p align="center"><em><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:78%;color:#666666;"><strong></strong></span></em></p></div><p align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#666666;"><strong>Não sei dançar. Tenho peixes no meu quarto. A cara quebrada pelo frio e as mãos rugosas gastas pelos outros. Há muito tempo que queria escrever.</strong></span><span style="font-family:trebuchet ms;"><strong><span style="color:#666666;">Preciso de dançar e eu danço nas palavras. Os peixes também dançam. Dançam comigo uma dança torta entre paredes e palavras.<br /></span></strong></p></span><p align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"><strong><span style="color:#333333;"><span style="color:#ffffff;">. </span><br /></span><span style="color:#666666;">Eu já fui um peixe (um peixe sobre o teu corpo) e já fui um sapo, agora não sou nada, vivo na ausência de todas as coisas. Um vazio acompanha-me o sono, e do sonho pálido costumam nascer jardins sem cor.<br /></span></strong></p></span><p align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"><strong><span style="color:#333333;"><span style="color:#ffffff;">. </span><br /></span><span style="color:#666666;">O que importa</span><span style="color:#666666;"> são os peixes. Todos os peixes do mundo. Dos rios, dos lagos e dos mares. Das barragens e das albufeiras. O que importa mesmo são os peixes. O vazio também me preocupa mas tenho de comer. Há agriões. Apetece-me uma salada com tomate cherry e ananás. O ananás combina com tudo e os peixes não se importam.<br /></span></strong></p></span><p align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"><strong><span style="color:#333333;"><span style="color:#ffffff;">. </span><br /></span><span style="color:#666666;">Eu já gostei de um contrabaixo que era peixes, e abraça-lo era perder-me em mim.<br />Mas era um amor impossível. Não percebia a cor das cordas ou o ressoar da alma. Nem sei se a alma ressoava, mas sei que os contrabaixos têm alma. Sei que os contrabaixos são apaixonados e ganham asas nos dedos. Eu nunca percebi muito bem o que ele me dizia. O meu dicionário eram as palavras, mas ele falava-me sempre em música, e eu não percebia. Eu nunca percebia nada.<br /></span></strong></p></span><p align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#333333;"><strong><span style="color:#ffffff;">. </span><br /><span style="color:#666666;">Acho que tenho fome. Acho que os meus peixes sabem dançar e que as palavras me ensinam música. Acho que fizeste bem em fugir. Sobram-me os peixes que sabem dançar. Acho que sabem e acho também que tenho fome. Fizeste bem.</span></strong></span></p>Agripina Roxohttp://www.blogger.com/profile/17846107793705765513noreply@blogger.com3