O João enamorou-se por uma maçã sardenta, meia ruiva. Quando a conheceu, sentiu-se corar de desejo e deteve-se no seu pensamento então confuso. Percebeu por fim que tinha encontrado a sua maçã de Junho e decidiu-se a percorrer a linha imaginária de translação em sua volta. Era um exercício de contemplação. Às vezes sentia-se cansado e sentava-se na sombra da macieira, maravilhado com a beleza da sua maçã. Ninguém percebia o porquê de comportamento tão estranho, alguns chamavam-lhe louco, outros tinham pena. No entanto, ele era persistente e só iria fugir quando levasse a sua maçã de Junho nos braços. Recusava-se impreterivelmente a apanhá-la. Tinha compreendido que todas as maçãs tinham um tempo próprio de amadurecimento e que mais importante que isso, tinham também o direito de decidir quando se queriam dar. Ele tinha muito medo de perder a sua maçã, ou de a magoar irreversivelmente se a colhesse antes do tempo, por isso aprendeu a gostar sem precisar de ter em si. Pode parecer mentira, mas ainda hoje passados muitos anos, eu continuo a acreditar que há um João em cada macieira deste mundo.
Apesar de Abelha, também eu sou um João à volta de uma macieira!
duas, três, quatro... colheres mulheres,... ainda não maduras,tal como a tua Maçã de Junho. Com intenção de «mel» da doçura que em mim deixaste...
Obrigada