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Permaneço grávida de ti.
Quando te disse que não eras só da minha pele, (não és só da minha pele és também dos meus ossos),
quando te disse que não eras só da minha pele, choraram-se-me os olhos e partiram-se-me os ossos. Deve ser por isso que não ando. Que não saio daqui, desta gravidez tão azul e verde.
Sei que a tua vida corre para um mar que eu não toco. Sei que não existe perdão. Sei que és dos meus ossos, e que eu bordo palavras e teço histórias sobre mãos. Sei que és das tempestades e que desapareceste com a chuva no nevoeiro doce de um tempo já esquecido. E sei-te em mim, ainda hoje, ainda sempre, ainda azul.
Espero que toques sete vezes na campainha. Me peças em casamento, me roubes da torre e me tomes na noite de núpcias. Desejo-te um filho. Um filho do nosso amor, com as tuas asas, os teus olhos grandes, e o teu coração ainda assustado com o mundo. E o teu coração…
Permaneço grávida de ti. Sou-te no infinito do meu corpo.
Está a chover. Acho que morri e sou um fantasma. Acho que me enganei e fui eu quem desapareceu.
Tenho um guarda-chuva. Procuro-me em mim. Ainda existo. Ainda apanho lágrimas com as mãos. Ainda lhes conheço o sabor. Ainda sei de cor os teus caminhos. Os teus cabelos doces de marinheiro azul. E o sal percorre-te o corpo ao sol e eu sei-te vivo em mim como seiva doce que me percorre e alimenta.
Perdoa-me, porque um dia darei à luz.
Perdoa-me, porque sou um círculo inacabado, um pedaço de papel no infinito dos teus medos.
Procura-me em ti.
não devia ser permitido este estado de desejo em que fico depois de te ler.
Quanta generosidade neste partilhar de emoções...
Aceite um abraço fraterno e solidário...
Pois, o Carlos deixou de ser "cuco", passou a Vilaça.
Outro abraço...
simplesmente lindo...toca mesmo a alma..e o simbolismo da gravidez genial...nada mais profundo que a origem da vida e da fecundidade...
Bigada pela luzinha =)
calo-me
e
respiro fundo.
um abraçinho.