Sentir o peito nas suas costas, fazer dele a sua concha. Permitir que as saudades se tornem vida, caber dentro de si. Ninguém lhe abraça as costas, ninguém sabe como precisa desse abraço. “ e és tão bonito, meu menino de asas doces ”
Sabe-o casa, sabe-o calor, sabe-o sorriso. Respira-lhe a linguagem, percebe-lhe os suspiros e tem uma infinita saudade sua. Sabe que só ele lhe fecha os olhos nas palavras. Que só ele lhe segura a mão e que num enlace doce a leva para perto, para dentro de si.
“ vivo contigo em mim… e ás vezes, não sei viver…
como vai ser quando os olhos se abrirem e o momento ser a chuva? ”
E todos os dias a tropeçar no vazio, a acordar sobre o infinito dos sabores já perdidos, a trocar os olhos sozinha, nas passadeiras esquecidas.
Os passarinhos entendem-na. Sabem das saudades, sabem do homem que perdeu, das alegrias que a sua pele trazia, do calor que o seu olhar escondia. Sabem do homem que perdeu, das mãos pousadas no seu ventre, do abraço tão sem braços. E é a si que ele se dava nesse abraço. É a sua verdade que lhe desenha ainda as memórias, doces, tão doces e tão meigas as saudades de ser. Saudades de tofina no leite, de murmúrios nos ouvidos, de sonhos à janela.
“ quem disse que foi um sonho? Quem falou em fantasmas, em demónios?
obrigada… por me seres, revisitares e me sonhares. ”
Está aflita. Não sabe o que fazer a tanto amor, a tanta falta de ar e dores de barriga. Está triste, ao mesmo tempo triste. Triste de uma tristeza cheia, perdida… E não sabe. Não sabe como não lhe pertencer… é um prolongamento do seu ser, uma filha do seu amor.
“ conheces-me tão bem que assusta… ” sabe-o casa, sabe-o calor, sabe-o sorriso… “ e ás vezes, não sei viver… ” Respira-lhe a linguagem, percebe-lhe os suspiros e tem uma infinita saudade sua. “ como vai ser quando os olhos se abrirem e o momento ser a chuva? ”
Teve um medo terrível que casasse, que fosse para sempre…
Muito bonita a escrita e o que contém.
:)
És realmente grande... e nobre! Heathcliff nunca lidar com o que sentia por Catherine Linton...
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