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asa de papel com chá

Apago as estrelas, já tão amarrotadas pelo traço da ilusão e no caminho da solidão, visto um pijama céu de jasmim. A minha vida é um desenho diluído em chá. Bebes? 

12.7.05

00:26 - Agripina mata-bichos (o momento de humor)

Wassily Kandinsky. Sky Blue


– Pai! Pai anda cá!
– Que queres?, dizia ele num tom de voz muito complacente, enquanto eu com o coração em polvorosa percorria a casa toda, na perseguição da sua voz, na procura das suas mãos grandes.
Quando finalmente o encontrava, entretido no tempo, sorria-lhe e levantava a cabecita, para o ver bem.
– Pai anda rápido, está uma centopeia no meu quarto.
Ele punha os óculos, dirija-se em passos firmes à despensa e dizia-me carinhosamente – Ora vamos lá ver isso – enquanto imponentemente agarrava na vassoura. Chegados ao quarto, nem tempo eu tinha de pestanejar, já estava o bicho morto. Estivesse ele escondido onde estivesse, o meu pai era rápido e de assaz eficiência, não lhe dando oportunidade de fuga. Eu de olhinhos brilhantes, maravilhada com a então mostra de coragem a que acabara de assistir, balbuciava eternecida um segredo ao seu ouvido - Obrigada paizinho, gosto muito de ti.
Hoje tenho à minha frente uma centopeia horripilante que não tenho coragem de matar e relembro com carinho o meu pai de vassoura na mão.

(Como posso eu adormecer com tamanha companhia?! Lá terei de recorrer à minha arma secreta, potentíssima e ultra eficaz, que para além do mais não deixa vestígios indesejados na parede tão branca do meu quarto. Sou eu ou ela! Vou aspirar a centopeia, assunto resolvido. Ao ataque Agripina!)
.


Blogger Abelhinha

Não tenho centopeias no meu quarto, mas tenho mosquitos. Nunca me lembrei de os aspirar...

Já me lembrei da varinha mágica da Inês... abliabla vai-te embora mosquito já! Mas eles não me obdecem. Parece que é mais eficaz contra fantasmas verdes do que contra mosquitos.

Entretanto vou sendo sugada até ao tutano...  

Anonymous Anónimo

Uma lição não aprendida

Eu perdia tudo. Quer dizer, quando não perdia, destruía. Anéis, brincos, braceletes. Bonecas. Jogos. Tudo o que me vinha parar às mãos tinha, invariavelmente, um de três destinos: ou era triturado pelos meus dentes e engolido, ou era estraçalhado até ficar irreconhecível, ou era condenado a uma morte prematura. Eu comia papel e, uma vez, até devorei um livro inteiro. Nas minhas mãos, o pobre George Curioso* não era curioso por muito tempo. Acabava comido. Os meus pais chamavam-me «catástrofe iminente» — e eu era de facto uma catástrofe, pelo menos para os objectos inanimados. E como eu era o diabo em figura de gente, os meus pais, quando davam algum jantar, punham-me sempre ao lado de convidados que não queriam convidar de novo.

Certo dia, andava eu na segunda classe, fui para casa depois da escola e, para minha grande surpresa, a minha mãe ficou parada a olhar para mim mal eu entrei. «Carol», perguntou-me ela com toda a calma, embora com um ar francamente confuso, «onde é que está o teu bibe»? Olhei para baixo e vi os sapatinhos de verniz com fivela; as calças de malha brancas esgarçadas nos joelhos; e a camisola de gola alta que também era branca mas estava suja. Antes de a minha mãe me ter chamado à atenção para o facto de não trazer o figurino todo, eu não tinha dado por nada. Fiquei tão surpreendida como ela, pois lembrava-me perfeitamente — e ela também — de que levara o bibe para a escola. Fomos até à escola, que ficava do outro lado da rua, procurámos nos passeios e no recreio todo e nos corredores da escola, mas, do meu bibe de xadrez, nem sinal.

No Inverno seguinte, os meus pais compraram-me um casaco castanho, de imitação de pele, com um chapéu a condizer. Eu adorava o meu casaco e o meu chapéu novos e sentia-me uma rapariga crescida sempre que os punha, em particular porque o casaco não tinha daquelas luvas só com separação para o polegar e que se prendiam com molas às mangas. A ideia deles era comprar-me um blusão com capuz porque sabiam como eu era, mas eu tanto supliquei e prometi que teria cuidado e que não perderia o chapéu que eles lá acabaram por fazer-me a vontade. Do que eu mais gostava mesmo era dos grandes pompons de pêlo macio na ponta dos atilhos do chapéu.

Certo dia, estava eu no meu quarto, o meu pai chamou-me mal chegou do trabalho. Agachou-se até ficar do meu tamanho, deu-me um abraço e perguntou-me se eu não me importava de vestir o casaco e o chapéu novos e fazer uma passagem de modelos só para ele. Subi as escadas a correr — dois degraus de cada vez — toda excitada por ir fazer um desfile de moda para o meu pai. Enfiei o casaco, mas não conseguia encontrar o chapéu. Já muito nervosa, procurei debaixo da cama e no roupeiro, mas nem sinal do chapéu. Quem sabe, talvez ele não reparasse que eu não tinha o chapéu.

Desci a correr as escadas e rodopiei como se estivesse numa passarela, posando e sorrindo, exibindo o casaco novo para o meu pai, que me seguia com toda a sua atenção e me dizia que eu estava linda, que eu estava uma maravilha. Até que ele me disse que queria que eu desfilasse também com o chapéu. «Não, papá, eu só quero mostrar-te o casaco. Repara só como ele me fica bem!», disse eu, continuando a desfilar corredor tal e qual um modelo e tentando evitar o assunto do chapéu desaparecido. Eu sabia que já não havia chapéu nenhum. O meu pai respondia-me com risinhos e eu pensei que era adorável e adorada porque ele estava a rir-se e a brincar comigo. Voltamos à questão do chapéu uma ou duas vezes e, ainda a rir-se, o meu pai, sem mais nem menos pregou-me um valente estalo. Deu-me um estalo com toda a força e eu não compreendi porquê. Ao ouvir o som inconfundível da mão na minha cara, a minha mãe gritou: «Mike! O que é que estás a fazer estás a fazer?! A minha mãe estava ofegante, chocada.

A raiva do meu pai era uma lâmina que nos feria a ambas, à minha mãe. Eu fiquei parada onde estava, a chorar, a mão colada ao fogo da cara. E, nesse preciso instante, ele tirou o meu chapéu novo do bolso do seu casaco. Encontrara-o na rua, no meio do chão. Olhando-me por cima dos óculos, disse-me: «Pode ser que agora aprendas a não ser descuidada e a não perder as coisas.»

Sou uma mulher adulta agora e continuo a perder coisas. Continuo a ser descuidada. A lição que o meu pai me deu naquele dia não foi uma lição de responsabilidade. A lição que ele me deu foi que não devia confiar no seu riso. Porque até o seu riso me feria.

CAROL SHERMAN-JONES
Convington, Kentuchy



Esta não é uma história bonita, mas uma bonita história. Por isso resolvi partilha-la aqui no teu blog. Espero que este exemplo seja uma lição aprendida para alguns pais.
Obrigado “PAI” por nunca me teres ensinado nada desta forma.
OBRIGADO POR SERES O MELHOR PAI DO MUNDO.  

Blogger Mário Almeida

Para a centopeia o aspirador foi uma autêntica arma de destruição massiva.:-)  

Blogger Agripina Roxo

nunca li Paul Auster :( se calhar devia...
quanto à arma de destruição massiva, resultou :) não às centopeias sim aos aspiradores eficazes! :)  

Anonymous Anónimo

paul auster não escreveu a história que referi. convideu os ouvintes de uma rádio (NPR)a participar no "seu"programa contando uma história verdadeira, depois seleccionou e editou as histórias que compõem o livro "pensei que o meu pai era deus".

apesar de nunca teres lido paul auster parece que adivinhaste. :)
uma sugestão para conhecer o meu escritor preferido: trilogia de nova iorque  

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