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Os dias sem cor assolam-me o respirar e sufocada deixo-me invadir pelo negrume das manhãs que se instala e se propaga num corpo que azeda e se renega. Num corpo de feridas e bolor.
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Uma aqui, outra ali, outra mais acima. Um ventre, um sexo e um seio. Uma lagarta pelo braço, muitas pelas pernas, até à boca bolorenta. Sangue e terra, um rebentamento bomba no coração. Uma mosca. Muitas que se me comem. Um zunido infernal, um cheiro pestilento. Um roedor que se aninha.
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Sou dos bichos e dos abutres.
Faço amor até ao fim e apodrecida, morro sem asas.