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asa de papel com chá

Apago as estrelas, já tão amarrotadas pelo traço da ilusão e no caminho da solidão, visto um pijama céu de jasmim. A minha vida é um desenho diluído em chá. Bebes? 

21.1.06

11:15 - Pelas mãos da circunstância

Pablo Picasso. Portrait of Woman.
.

O meu marido deixou-me, trocou-me há doze anos por uma solteirona de peito avantajado. Os meus filhos emigraram, partiram à procura de uma vida melhor. Vivo sozinha, com a minha máquina de costura. Companheira de longos anos, nunca me enganou. Por isso é com ela que faço amor, um amor de linhas e cores por onde me perco e agonizo. E é engraçado como me sinto um pedaço de tecido mutilado pela vida, como sangro a cada fio de linha que me penetra à força, como não passo de uma história bordada pelas mãos da circunstância.

O meu bisavô era rico, mas o meu avô quis casar com a minha avó e ele deserdou-o. Tenho primos juízes mas sou filha de carvoeiros. Sou pobre, mas muito limpa. Não ouço bem, tenho aparelho. Vivo com medo que caia. Vivo sempre com medo. Medo, medo, medo… À noite choro. É como rezar. As dores escorregam pelo rosto cansado até se perderem por entre os poros gastos das minhas rugas, até se perderem… Daqui a dez anos faço setenta anos, daqui a dez anos já posso morrer. Morro sem conhecer a felicidade como a minha mãe. Como a minha mãe que era carvoeira mas muito limpa. Às vezes jogo na lotaria, mas a sorte nunca sai. E eu espero, espero e torno a esperar até já não saber bem pelo quê. Até já não saber se a minha máquina de costura me sorri ou me suborna.

O meu marido deixou-me, trocou-me por uma solteirona de peito avantajado. Os meus filhos emigraram, vivo com uma máquina de costura, a quem pago o aluguer da casa e da vida. Na realidade sou sua escrava, dependo do óleo dos seus pedais, da força das minhas pernas que me fazem andar, andar, andar… Dependo das mãos da circunstância e é engraçado como me sinto um pedaço de tecido mutilado pela vida, como sangro a cada fio de linha que me penetra à força. E é engraçado como sofro em silêncio, como ninguém vê ou pressente a dor de ser existida. É engraçado.

Ah ahah ahahah ah ahah ahahah ahah. Ah ahah ahahah ah ahah ahahah ahah ah ahahah.


Anonymous Anónimo

há algum tempo que a descobri, e certamente gosto dos seus chás. hoxe decidi enlaçar a sua blog com a minha ithaca para lê-la mais facilmente. estou encantado e surprendido.  

Blogger rspiff

Hoje leio o que escreves e sinto tantas emoções...obrigado!!  

Blogger aya

Cheia de dramatismo, um mar de emoções...
Belíssima, Agripina!
Adoro chá...  

Blogger Vítor Leal Barros

gostava de publicar este texto no Povo, se mo permitires , claro está  

Blogger Agripina Roxo

claro que sim :) com muito gosto  

Blogger Medusa Azul (Zuli)

asa de papel cor de arco-íris com chá: no fundo das cores da tua asa existem muitos tesouros. parabéns!

P.S.: Agradeço o comentário deixado no meu blog...infelizmente, não sei se devido a alguma 'trapalhice' minha (já que as minhas páginas têm sido alvo de contantes mudanças e ainda estou um pouco verde nestas 'cenas') desapareceu de lá antes sequer de eu saber que lá estava... Sorry! De qualquer maneira, obrigada, mais uma vez.  

Anonymous Anónimo

vivo sozinho e em silêncio

mas não quero morrer sem conhecer a felicidade

espero e torno a esperar até já não saber bem pelo quê


sofro sozinho e em silêncio

à noite rezo para não chorar


é engraçado ah! ah! ahahah!

ainda sonho como ninguém que a vida vai mudar


obrigada agripina, sei que ainda podes mudar a vida de muitas pessoas como eu

p.s. vou abrir uma conta bancária para recolher donativos para comprar uma máquina de costura elétrica para a D. Circunstância  

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