Ela falava sozinha e ria, ria muito. Tinha as mãos cobertas de anéis, e o saco repleto de rosas a despontar e falava sozinha e ria, ria muito. Os cabelos eram de um branco sujo e as mãos enrugadas. Os pés, esses, eram pequeninos e repousavam encaixados um sobre o outro. E ela ria, e eu gostava de a ver rir, de a ver sorrir e gesticular, assim sozinha, assim para nada e para ninguém.
- Estás perdoado – dizia – Estás perdoado… – enquanto a sua mão tremia e os seus olhos se embaciavam. - Estás perdoado… – repetia, enquanto o chá desaparecia dentro de si e os olhos de todos a perseguiam.
E eu quis ser louca, tão louca como ela, e como ela, não ver, não ouvir, abstrair-me de todos e de tudo, até do tempo. E eu quis perdoar, como ela. E eu quis… e de repente deixei de rir, deixei de gostar de a ver rir e gesticular, assim sozinha, assim para nada e para ninguém. E de repente é Outono e as folhas que caem contam-me histórias que eu não vivi.
Às vezes consigo pensar que a loucura é um caminho fácil de sobrevivência. Não sei…
Sobreviver é já por si a maior das loucuras, lucidez é saber como fazê-lo sem ter que rezar sempre os perdões do dia-a-dia.
não sei se será... tenho as minhas dúvidas... a loucura muitas vezes obriga a quebrar a comunicação com os que nos rodeiam o que nos transporta para um cenário de extrema solidão...deve ser por isso que os loucos falam com os pássaros e com as nuvens... talvez seja a forma que encontram para minimizar a solidão... bem, é a minha impressão (assim ao de leve) sobre o assunto
beijo
Por também me apetecia soltar o ID e falar sozinha, para gesticular, dançar, pular sozinha... não ver nem ouvir.
Hoje é um desses dias
Para mim é o único caminho da sobrevivência. Caso contrário não estaríamos a viver nem a sobreviver nos corredores de um qualquer hospital psiquiátrico! =S
Beijinho e bom fim-de-semana*
Às vezes parece que estamos perto da loucura, não é? Mas não estamos...o caminho não é asim tão fácil...nem difícil...
Talvez essa seja a história que persigo...e continuar com rosas a despontar num qualquer lugar de que sou feita!
Lindíssima a tua versão do perdão... sempre tive um fascínio por loucos...
BJ