Labokoff. eblouie 2. bruyere.
O senhor A. tem 84 anos. Fala pouco, cora com facilidade. Extremamente lúcido, ainda trabalha. Vive sozinho e é completamente independente. Trata da casa e assume todas as suas responsabilidades. Apesar de não ouvir muito bem, gosta de ir ao cinema. E tirando a sua alergia ao kiwi, não há nada de estranho que se lhe possa apontar. Vive sozinho há dez anos. A Dona Joaquina faz-lhe o almoço e vai limpando o pó. Aprendeu a mudar a cama e leva a roupa à lavandaria uma vez por semana.
Conheço-o desde pequenina, mas não me lembro da voz dele. Aliás nem me lembro de ele ser simpático. Nunca me deu chocolates, e à medida que fui crescendo habituei-me a vê-lo como alguém frio e distante. Era o senhor A. Hoje esse senhor não sabe, mas eu tenho por ele uma profunda admiração. Aprendeu aos 74 anos o que muita gente aos 20 não é capaz. E apesar de nunca o ver chorar, nem sorrir em demasia, já o ouço falar. E de vez em quando tenho o prazer de me enternecer com as suas histórias de menino.
- Quais foram os três momentos mais importantes da sua vida, pai?
- Ó…
- Diga lá.
- Sei lá, foram tantos.
- Mas diga!
- Ó…
- Posso adivinhar?
- Podes.
- Ore deixe cá ver... Quando casou, quando nasceu o primeiro filho e,
- Não!, quando nasceram todos.
- Está bem, mas o primeiro filho é sempre mais importante.
- Pode ser.
- E o último, quando inaugurou o edifício M.
- Ainda te lembras disso?
- Lembro.
- Foi realmente um dia muito importante, pensei que não te lembrasses, eras tão pequeno.
- Claro que sim, foi o primeiro edifico que o pai construiu.
- Pois foi.
- Sabes, desses todos que disseste falta o mais importante.
- Qual foi pai?
- O dia em que conheci a tua mãe. Foram 49 anos de casamento muito felizes. O teu avô não me queria deixar casar. Tive de esperar até ela fazer 18 anos para poder namorar, e quando fez 21 fui eu que bati o pé. Disse que já era maior de idade, que não a podia proibir.
- Se tivesse de fugir com a mãe, tinha tido coragem?
- Claro que sim.
- Isso é que foi namorar…
- A tua avó não nos deixava sair de frente de casa. Ia para a janela e depois ficava sempre muito preocupada quando não ouvia barulho.
- Mas valeu a pena?
- Se valeu, só tenho momentos felizes para me lembrar. A tua mãe foi uma grande companheira.
- Sabes, desses todos que disseste falta o mais importante. - Qual foi pai? - O dia em que conheci a tua mãe.
encantei-me! (devo dizer)
já não sei bem como vim aqui parar (talvez pelo Cibertúlia?...), mas o importante é que me encantei como não me encantava há muito.
encantei-me com o template
encantei-me com as imagens
encantei-me com os textos (particularmente com este, não sei porquê)
parabéns! (devo dizer)
vou passar por aqui mais vezes...
cibertúlia > palhaço voador > asa de papel com chá - o nome chamou-me a atenção - foi assim que aqui cheguei (a título de curiosidade)
Ah, que lindo! Estou chegando hj por aqui, e gostei de tudo que li, é muito bom mesmo! Parabéns!!!
Beijos doces cristalizados!!!
Partilho da emoção da escrita -parabéns.
Deixei-me encantar completamente e, o mais importante, deixei-me comover. Parece que possuis o dom mágico da escrita, mágico mesmo, como se não fosses tu que escrevesses, mas fosse o poder dos sonhos pela tua mão.