Esticou-se toda, de forma a não pisar o hall da entrada com os seus pés descalços. Sorriu, deu-lhe um beijo e murmurou envergonhada um gosto muito de ti. Ele desapareceu, levado para longe pelos seus passos torpes. Tinha no peito três elefantes estampados e nos olhos mil sonhos. Ela ficou. As mãos trémulas, separadas de um corpo pálido, fecharam a porta, enquanto a cabeça, que chorava sozinha, se quebrava em mil. Morreu naquele dia, nua, de uma melancolia doída e de uma tristeza crua que lhe degolou os sentidos. Hoje é um pássaro ferido, apaixonado por asas de papel. Sonha ainda cegonhas de outros mundos e adormece a contar elefantes: um elefante azul, dois elefantes azuis, três elefantes azuis...
Há dias em que as horas vêm lamber-nos as mãos em busca de conforto... outras há que corremos que nem loucos para junto da janela porta para dizer: tenho tantas saudades tuas.
Tudo se diluí no pensamento fugaz que perpassa pela lingua das horas...
Eu aka D. Sebastiao
E nós?... acaso julgas que não é do azul e para o azul que voamos em movimentos helicoidais aparentando uma queda controlada?... acaso pensas que este infinito todo não é só teu?...
Se não o reclamares... reclamo-o eu para ti... plantadora de sonhos.
existem “coisas” que sempre acontecem.
outras, porém, nunca acontecem.
concluído o dia, não posso deixar de condenar a minha alma.
receoso em frente a uma “Nude Woman in a Red Armchair”,
confesso que hoje foi dia de sonhos não realizados,
confuso e desencorajado não consegui contar nenhum elefante azul.
que blog tão bonito. Obrigada Agripina.
Querido Dom Sebastião vejo-te lá longe a preto e branco pincelado :) sei que sabes ao azul do céu e murmuro também eu saudade :)
Obrigada, por teres num dia de nevoeiro aparecido :)
fresh_air, sete oito, há elefantes que não podem ser contados. há elefantes que não podem nunca existir, nem sequer estampados no peito. Há dias que nunca são os primeiros...
porque não chorar? porque não plantar umas asas com essas lágrimas que te levem para longe da solidão? :) há sempre mais estrelas no nosso céu :)
elisa bem vinda a o um mundo de papel onde o chá e o beijo se confundem :)
amiga eurásia, que mais dizer? :)
Que texto belíssimo, luvas de pelica sobre a face. É um conto? Pode me enviar a continuação? marreirotomaz@hotmail.com