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asa de papel com chá

Apago as estrelas, já tão amarrotadas pelo traço da ilusão e no caminho da solidão, visto um pijama céu de jasmim. A minha vida é um desenho diluído em chá. Bebes? 

7.9.06

00:21 - Sinto-me sempre perseguida pelo silêncio dos meus passos

...
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Jeonghyun Lee. Queens, New York. 2006.


Hoje ando descalça pela casa, de cigarro na mão e cabelo apanhado. Tenho vestidas as calças de há 30 anos e a camisola tão coçada que me ofereceste nos anos. É engraçado como o tempo passa de forma tão diferente pelo que trazemos vestido ou pelas memórias que guardamos.

O Luís já não mora comigo. Decidiu que precisava do seu espaço. Vem todos os sábados e traz o cesto da roupa suja. Torna a passar às quartas, umas vezes para jantar, outras só para levar a roupa passada a ferro.

Hoje fui ao quarto dele. Sinto saudades da sua companhia. Abri as gavetas e encontrei ainda os cromos que o pai lhe comprava, recados de meninas apaixonadas, ou as meias às riscas que ele sempre detestou.

Eu gostava que ele casasse. Não me importava nada de ter netos. Acho até que me iam rejuvenescer. Sinto-me sempre muito inútil aqui sozinha. E depois esta casa começa a cheirar a mofo. Nas paredes respira-se uma solidão oca, e ao longo do corredor sinto-me sempre perseguida pelo silêncio dos meus passos. Sabes, tenho medo.

Hoje fiz uma tarte de maçã. Uma receita muito simples. Partes as maçãs aos gomos e bates os ovos. Acrescentas leite e açúcar e depois levas ao forno. Fica uma delícia. A massa podes comprar pronta, como quase tudo hoje em dia. Resta-me esperar pelo dia em que a esperança se possa também comprar num qualquer supermercado e com ela a alegria de viver.

- Sim, já vou! - Tenho de ir. A vizinha está a chamar por mim. Como de costume, devia ter deixado cair alguma peça de roupa na minha varanda e aposto que fez de propósito. Deve estar a contar com a minha tarte para o almoço. Era só o que fazia falta! - Já vou! Tenha calma!


Blogger aya

Eu também...talvez exista nesse silêncio alguma voz a ser ouvida!

Bj grande  

Blogger Abelhinha

Comovente.

Também me sinto assim quando a minha Inês não está.  

Blogger K'os

quem não se sente de algum modo "sempre perseguida pelo silêncio dos meus passos"

de algum modo os passos carregam com toda a vivência que tivémos, é preciso encarar tal para não se transmitir aos passos, eles acorrentam-nos e deste modo tal não se pode/deve deixar acontecer

gostei muito

:)  

Blogger Vítor Leal Barros

acho muita piada aos teus personagens...tenho reparado que são quase sempre mulheres entradotas...ou seja com masi de 50/60 anos...alguma razão em especial?  

Blogger Agripina Roxo

Isso é difícil de explicar, é uma razão quase inconsciente.
O universo feminino tem muito para se explorar e é todo ele carregado de emoções e sentimentos muito fortes.
ao escolher mulheres mais velhas, talvez seja a melhor forma de dar vazão aos meus próprios sentimentos, talvez também eu seja um pouco velha :)
muita das vezes trata-se também de um exercício, sentir como se sentiria aquela pessoa, e explorar isso da melhor forma que consigo, porque como deves imaginar a minha idade não me permitiu ainda viver muita coisa nem sentir muita outra.
Não me casei, nem tenho filhos, e não vivo propriamente em solidão, no entanto tenho medo dela. E a escrita é também na maioria das vezes um desafio, um desafio a nós mesmos e aos nossos medos, porque a escrita, seja ela má, boa, poética ou não poética, é sempre uma forma de crescimento e de conhecimento.
E depois permite-nos a reconstrução de vários personagens que têm sempre o eu quer na forma pensada, realizada, quer na forma idealizada.
Não sei...
Outras vezes os textos têm uma base muito real. Lembras-te do texto da costureira, que tu chegaste a colocar no teu blog? Essa senhora existe mesmo. Encontrou-me num café e começou a falar comigo. Não me conhecia e eu também nunca mais a vi. O texto é o resultado dessa conversa.
É uma forma de eu sentir sempre o mais que posso, por isso eu digo que muitas das vezes é um exercício. Porque eu tento transpor-me para a pessoa, ser a pessoa.
Talvez se não escrevesse na primeira pessoa, não metesse tanta confusão, mas ainda não devia ter passado a minha fase egocêntrica :)
Acho que esta minha resposta está mesmo muito longa...
acabei por fazer um exercício de auto-reflexão :)
Beijinhos  

Blogger Vítor Leal Barros

gostei imenso de me sentir esclarecido...no entanto, estás convidada para tomar um café se quiseres continuar a conversa... porque as pessoas podem sempre exceder a blogosfera e quem sabe, tornarem-se bons amigos (sinto que isso é capaz de acontecer ctg, n me perguntes porquê)

já agora peço desculpa por te dizer tudo isto aqui no blogue e não na esfera privada dos e-mails...mas acredito que as coisas devem ser feitas espontaneamente e quando se tem vontade...e eu hoje tive vontade de te dizer isto

um beijo  

Blogger Agripina Roxo

ainda bem que há pessoas espontâneas :)  

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