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asa de papel com chá

Apago as estrelas, já tão amarrotadas pelo traço da ilusão e no caminho da solidão, visto um pijama céu de jasmim. A minha vida é um desenho diluído em chá. Bebes? 

10.7.06

02:59 - Se pudesse não me tinha perdido das papoilas

Poppy Symphony. Mia Friedrich. 2005.
.
.
- Vou cair.
- Vá lá equilibra-te.
- Mas é difícil passar no portão.
- É igual. Pões um pé bem frente ao outro e concentras-te.
- E se está lá um cão?
- Não vês que não. Se estivesse, já estava a ladrar.
- Pai, e se eu cair?
- Não te preocupes. Eu dou-te a mão. Se te desequilibrares, apanho-te.

E eu sabia que tu cabias nos seus braços grandes. Sabia-te cor de tijolo no teu exercício de equilibrismo sobre o muro. Sabia-te de todas as cores, quando as tuas mãos assim pequeninas cabiam nas dele, quando o lenço com que te assoava o nariz era o mesmo com que tu barafustavas.

- Pai, não quero mais por favor.
- Funga! Vá, funga!
- Não, por favor.

E eu sabia-te azul do céu, quando andavas de bicicleta, quando orgulhosa, tinhas ao lado o teu pai, numa daquelas bicicletas muito velhas que tilintavam por cima dos paralelos e anunciavam a todos a sua chegada.

- Pai! Espera por mim.
- Pai, eu sou pequenina.
- Pai?! – Gritavas já zangada.
- Anda, anda! Deixa-te lá de coisas. – Respondia-te ele com pouca paciência, pelo que tu imploravas um ainda – Pai…

E também te sabia, quando não querias mais nada do que tinhas no prato. Quando a tua mãe, já desesperada, te olhava com ar terrorífico, e o teu pai, com ar de malandro, te roubava os pedacinhos de comida que restavam. Piscava-te o olho e era um segredo, só teu e dele, de mais ninguém.

- Pai, já te disse que gosto muito de ti?

E eu sabia-te, assim. E era assim que te reconhecia as cores e os sorrisos. Mas hoje perdi-te e tenho tantas saudades de ti como de papoilas. Tenho tantas saudades de casa, de tudo o que me liga ti e às tuas memórias de menina cor-de-muro.

- Pai, trouxe-te um parafuso.
Ele punha os óculos, juntava bem o parafuso às lentes, e dizia:
- óhóh este é dos bons.
E tudo em ti era cor e alegria porque tinhas encontrado, perdido no meio do nada, o melhor de todos os parafusos.
- Obrigado. Vou já guardá-lo na caixinha.
E a sua mão grande acariciava-te o rosto, e os seus doces olhos de sonhos perdidos embalavam os teus, e tu sabias. Sabias que tudo nele era agradecimento, que tudo nele era a ternura de um profundo amor .

Sabes pai, se pudesse ia procurar parafusos para te entregar. Se pudesse não me tinha perdido das papoilas.
.
- Pai, já está a dar!
- É sobre quê?
- Não sei, mas parecem-me elefantes.
- Pai, gostas de mim, não gostas? Eu perdi-me das papoilas, mas tu gostas de mim.


Anonymous Anónimo

Mais do que o parafuso, bem chegado às lentes e ao coração, este texto é realmente dos bons. Enrosca milimetricamente nas articulações perras da minha sensibilidade.

Um abraço, Agripina, e obrigado pelo pão.  

Blogger aya

Sabes Agripina?! Eu tinha um pai assim...perdi-o, mas ele deixou-me as papoilas...
E tu deixaste-me com uma lágrima no canto do olho...

Bj grande  

Blogger K'os

ficam as lembranças e as memórias
é o que nos resta com o passar do tempo



...



:)  

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