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Sentada, absorta de uma realidade vã, perco a razão. Não quero mais nada. O brilho dos meus olhos esfumou-se no ar tépido desta cidade poluída de pesadelos. Não há sonho nem sentir. O espírito povoa-se de dor enquanto a desilusão se assola do meu eu. Caminho por paralelos soltos, tropeço na mais pequena formiga e desenho a muito custo um sorriso na minha cara triste. Só o esbocei. Estou cansada... o lápis pesa. Gostava de me diluir na chuva, penetrar a terra. Podia nascer em forma de flor, tão esférica que voasse como um balão até mais não e me levasse as penas para o amanhã longínquo. Não queria chorar, não queria cantar. Abria os braços como um pássaro a voar e atirava-me nua à terra. Estaria apenas a mergulhar, bem fundo, bem para dentro, tapar a minha cabeça, esconder-me de vergonhas. Dissecava depois o coração e com a força de um sopro abria um túnel até ao outro lado do mundo. Esquecer-me de quem sou.
sempre que aqui vim encontrei um "ligeiro tom depressivo" que me encanta, repito, que me fascina do ponto de vista das emoções
E voltarias a ti...
Talvez seja o tempo de olhar a beleza do moinho...
Beijinho
Olá, voltei. O texto está desta vez magnífico. Descreve um estado de espírito que todos nós sentimos às vezes. Lamento conhecer a tua obra muito bem e por isso encontrar algumas ideias repetidas. De qualquer modo, quando mexemos num texto e em frases, às vezes ficam melhor. Foi o caso.